4 - A tempestade

Capítulo 4 - A tempestade

 

    Axel e olhou para si mesmo, e percebeu que estava usando apenas cueca, pôs a mão na cabeça, e reparou que também estava sem sua touca de lã. "Ah não! Eu perdi minha touca! Como vou ficar quando formos a San Marco novamente? O que as garotas dirão? A touca que me dava estilo!".


    Setz que enquanto Axel fazia suas declarações egoístas, ia em direção ao barco, virou-se indignado. "Safira está presa com Bartolomeu, vai sofrer muito agora, e você está pensando em sua touca? Você é a pessoa mais egoísta que eu já conheci!".


    Axel continuou se queixando da perda de sua touca, mas Setz fingiu que não ouvia nada e continuou andando. O barco se aproximava de Setz e ele já via Rhoddy em pé no barco se mexendo.


    A medida que se aproximava do barco ele percebeu, Rhoddy estava em pé escrevendo. "Rhoddy o que está fazendo?". "Setz! Ainda bem que você voltou, temos que sair, começará uma chuva daqui a algumas horas". "Não, não começará chuva nenhuma! Só existem algumas nuvem no céu". "Não! Me escute, começará chuva em pouco tempo, é melhor Axel vir logo, precisamos partir o mais rápido possível!". Setz fez um sinal para que Axel viesse logo, ele sem hesitar veio correndo de cueca. "O que foi?". "Irá chover, é isso que Rhoddy disse...". "Ele disse que vai chover? Vamos entrar logo então!". Setz olhou para Axel, ele sempre parecia tão teimoso, e agora obedeceu as recomendações de Rhoddy sem hesitar.


    "Por que ele não retrucou?". "Simples, acho que a quantidade de vezes que eu avisei e ele não ouviu, fizeram com que ele agora não retrucasse o que eu digo...". E ele terminou com um sorrisinho. "Se Axel ficou quieto, eu também vou ficar!".


    Assim todos entraram no barco, Axel soltou as cordas que seguravam a corda o barco. "Vamos para onde?". Perguntou Rhoddy manobrando o leme enquanto saía do pequeno porto de Frumusete. "Não sei, onde tiver menos chuva, é lá que eu quero ir!". "Está bem, um lugar onde chove pouco, ou nunca é o deserto". "Deserto não! Não existe outro lugar que não seja tão quente e seco?". "Então vamos para Silbo, não chove tanto, mas não é tão seco". Rhoddy virou o leme inteiro, fazendo com que o barco virasse bruscamente, e consequentemente as coisas caíram da mesa. Após essa brusca virada, o vento começou a soprar a favor do barco, acelerando-o a toda velocidade.


 


***

 

    Se você já foi ver um filme de terror no cinema, andar em uma atração de parque de diversão assustadora ou contar para o amor da sua vida que você a ama, você deve saber a sensação que Rhoddy estava sentindo enquanto segurava o leme do barco Sirocco. Embora nunca tivesse ido ao cinema - talvez porque não existisse em Undosia - ou andado em uma atração de parque de diversão, Rhoddy estava com a sensação de que aquela tempestade não seria uma tempestade qualquer...

    "Estou sentindo que nossa situação não está nem um pouquinho boa a ponto de podermos escolher o lugar para onde iremos...". Antes mesmo de acabar seu pronunciamento, Axel interrompeu. "Não quero que você me explique nada! Apenas quero ir a Silbo, principalmente porque as garotas de lá são...". "Não me fale essa palavra! Odeio essa palavra!". "Fresco!". "Adjetivos prejiorativos para mulheres não são nada legais! Você num gostaria de ser tratado como uma comida!". "Não se eu fosse delicioso...". E terminou a frase mordendo o beiço. "Tenho que me vestir, se acontecer mesmo uma tempestade, não quero passar frio e eu não quero humilhar você com a minha barriga délicieux". Terminou a frase se virando para a escada do convés e passando a mão em sua barriga, que qualquer garota consideraria atraente.

    Enquanto Axel caminhava com estilo até a escada, e mostrava seu corpo parcialmente bronzeado, Rhoddy disse algo que achou que apenas ele ouviria. "Guarde isso para as suas vadias". Dando um sorriso de desprezo. Porém ele achava que o rapaz de cueca não ouviria, porém o contrário aconteceu. Após virar-se bruscamente ele perguntou, em um tom irritado. "O que você falou?". "J'ai dit bitch!". "Não fale essa língua estraha comigo!". "Ja! Ich sagte hündin!". "Pare de falar em outras línguas comigo seu idiota!". "Eu disse vadia! Quer que eu soletre? V-A-D-I-A! Entendeu? Ou seu cérebro de minhoca ainda não captou a mensagem!". Depois de um breve silêncio, em que os dois ficaram se encarando seriamente, Axel fez um som de desaforo, e desceu a escada do convés.

    Setz estava sentado em uma beirada do barco, observando a movimentação do mar, que fazia com que o barco balançasse para cima e para baixo, para frente e para trás, seu amigo foi se aproximando. "Obeservando o mar?". "Não". "Observando o quê?". A resposta foi apenas um sinal, ele apontou para a tempestade, que parecia que seguia-os, uma única nuvem negra gigantesca vinha atrás deles, a causa era o vento, o mesmo vento que fez o barco se mover a toda velocidade, estava levando a gigantesca nuvem.

    Rhoddy não informou a ninguém, mas na verdade Silbo era para o outro lado, mas não há como se mover contra o vento em um veleiro. O vento estava em direção a lugar nenhum, gostaria ele de ter ficado parado em Frumusete até a tempestade se acalmar e eles poderem seguir a direção do vento, mas com aquele imprevisto não dava, se ficassem ali esperando, a qualquer momento Brutus abriria a porta e eles acabariam sendo apanhados, e ninguém sabe o que aconteceria se o gigantesco guarda-costas pegasse-os...

    "Rhoddy, como é Silbo?". "É uma ótima ilha, minha favorita, mas não estamos indo para lá, estamos na direção do vento, porque um veleiro não pode andar contra o vento". "Então para onde estamos indo?". "Não sei exatamente... Estamos indo em uma direção sem nenhuma ilha habitada...". "Isso significa?". "Podemos dar de cara com navios de ainda não conhecidos... Ou chegar a um continente desconhecido...Ou...".

    Gostaria de terminar  frase de Rhoddy, mas antes disso gostaria de lhes contar uma história muito interessante. Antes de Rhoddy morar com Axel em um barco, ele teve uma vida de monarca, pois sua família era muito rica. Antes mesmo de aprender a ler com oito anos, ele foi levado a um teatro, para assistir a uma peça chamada 'O Giz'. O nome não é muito animador, mas a peça foi emocionante para ele, porque foi a primeira vez que ele entendeu que haviam pessoas más no mundo. Talvez isso pareça idiota, mas uma criança de uma família riquíssima, só sabia brincar e se mostrar ao outros - quando havia outros, pois normalmente, a única criança que ele via era seu irmão muito mais novo, de apenas um ano - e essa peça fez com que ele visse que existiam pessoas más...

    Essa talvez não fosse uma peça muito famosa, a peça mais famosa se chamava, 'A Libélula e a Mariposa'. Que apesar de ser mais fomosa não e nem um pouco interessante, e muito entediante. Mas 'O Giz' fala sobre uma princesa muito bonita como todas as princesas. Como sempre, ela se apaixonou por um rapaz que estava nas masmorras do castelo. Ela pediu ao seu pai para que ele o soltasse, mas o pedido foi negado. A princesa ficou furiosa, o que fez com que ela roubasse as chaves a noite, e libertasse o prisioneiro, não sendo suficiente libertar o prisioneiro, ela rouba a Bolsa de Giz e lhe entrega. No dia seguinte o pai consta que o prisioneiro fugiu e encontra-o na cidade, dormindo no chão. O rei manda chamar os guardas que vão pegar o rapaz, porém ele não percebe que há um círculo de Giz em volta do rapaz e...

    "Não estamos indo para Silbo por que?". Uma estridente voz rompeu a fala de Rhoddy. "Por que o vento está contra...". "Não interessa, dê um jeito!". E a figura sinistra de Axel apareceu subindo as escadas para o convés. "Eu não te dou uma casa para você não fazer nada!". "Eu não faço nada?Então se eu não faço nada, o que você faz? Existe menos que nada por acaso? Ah eu esqueci, nem conta você sabe, então você não sabe que não existe nada menor que nada...".

    Eu não gosto de discussões, talvez vocês estejam curiosos para saber o que Axel respondeu, e o que Rhoddy retrucou novamente, mas este é um ótimo momento para eu continuar contando a história da peça 'O Giz'.

    ...Assim os guardas invadem o círculo, porém ao entrar no círculo os guardas começaram a se sentir sufocados, e logo recuaram para fora. O rei que não havia visto o círculo em volta do rapaz, agora percebeu que aquele era um Círculo de Giz. Isso significava que apenas quem o rapaz quisesse entraria no círculo, se não sentiria como se alguém o sufocasse. A história se desenvolve durante cinco dias onde o rei tenta seduzir de todas as maneiras o rapaz para fora do círculo. A princesa pergunta ao pai porque o pai por que ele está tão interessado naquele prisioneiro, e ele conta que o moço que matou a mãe da princesa. Ela mesma com tanto ódio da pessoa que amava, bola um plano. Ela se vestiria de dançarina junto com outras e tentaria entrar, porém ele mantinha resistência a qualquer entrada.  rei mandou que colocassem aromas que o deixassem tonto. E assim ela entrou no círculo, porque o rapaz a desejava, e lentamente enquanto dançava envolta nele, ele foi seguindo para fora. Ao sair do círculo, ela se afastou dele, e ele morreu a flechadas. A história é trágica, porém não foi esse o final apresentado a Rhoddy conheceu. No seu final, o rei descobre que na verdade foi um general que matou a rainha, e a perseguição ao rapaz, e os arqueiros lançaram as flechas no general. Existem muitos finais possíveis, mais que demoria muito se eu contasse...

        Talvez agora eu devesse narrar a vocês a discussão entre os dois, porém acho que ão seria coerente com o livro se eu utilizasse as mesmas palavras que Axel usou para ofender Rhoddy. Pularei para a parte em que os dois pararam de brigar, e repararam que a tempestade estava se aproimando como se devorasse o barco, e os dois ficaram parados observando a nuvem negras. Até um um raio fazer com que eles dispertassem de seus medos e percebessem que a cituação não estava nada boa, e assim a discussão foi deixada de lado e até Axel percebeu que eles estavam a beira da morte e não era hora de brigar por besteiras, e sim de se salvar - para depois talvez poderem voltar a brigar.

    

3 - Frumusete

Capítulo 3 - Frumusete


 

    "Esta ilha era conhecida como a "Ilha dos Desejos"".

    

    A única palavra que deixaria qualquer garoto pervertido, sem princípios e totalmente superficial louco. Frumusete - pronuncia-se frumussetze. Esta ilha era conhecida como a "Ilha dos Desejos". E adivinha... Axel ficava louco com essa palavra! Era a cidade favorita de Axel. 
    Rhoddy havia traçado uma rota direta para Origliasso - pronuncia-se Oriliasso. Mas durante a noite Axel mudou o rumo. Ele toda semana tinha de visitar aquela cidade horrenda. 
    De manhã, como sempre, Rhoddy acordou mais cedo. Antes do sol nascer. Ele tinha esse costume de sempre consultar as estrelas um pouco antes do amanhecer, para ter certeza absoluta de que estavam no caminho certo. Ele saiu do quarto e foi para o pequeno convés. A luz do sul estava curvando o horizonte. Em seu rosto a expressão de uma pessoa cansada, que acabara de ser acordada. Ouviu-se um barulho muito baixo. Era seu estômago. A fome. De manhã ele acordava com muita fome. Colocou um pouco a mão na barriga, como se tentasse acalmar a fome que estava nele. 
    Olhou para o céu. Concentrou-se para se lembrar do mapa das estrelas. Suas constelações principais eram o Cruzeiro do Sul e Órion. Ele sempre ficava de frente para onde o barco estava indo. Depois olhava o céu."Para Origliasso". Lembrou-se das "coordenadas". "Cruzeiro do Sul reto e Órion em diagonal, mas com a 'cabeça' para cima".Em sua mente não podia acreditar. Cruzeiro do Sul invertido e Orion diagonal com cabeça para baixo. "Axel" pensou ele. Mas por ter acabado de acordar. Seus olhos podiam lhe estar enganando. 
    Ele franzia muito os olhos,enquanto tentava identificar o que estava no horizonte. As luzes do sol. Os primeiros raios do sol começaram a surgir. Após um momento Rhoddy percebeu que não havia o grande arco de Origliasso, apenas um Hotel no meio da água.E reconheceu. Seus olhos pararam de se franzir, e seu rosto expressou raiva. Raiva de Axel por mudar o rumo da cidade que haviam combinado. Raiva daquele local nojento chamado Frumusete. Raiva daquelas garotas que viviam ali, fazendo coisas repugnantes.


 


***


    


    O sol começou a bater no rosto de Axel, fazendo-o acordar. Quando percebeu que o sol havia nascido, pulou da cama. Os olhos sonolentos, deram lugar a uma expressão perspicaz. Colocou uma camisa branca de manga longa, mas como tudo que Axel usava, ela tinha um toque que o deixava com estilo. Suas mangas estavam dobradas até o cotovelo, por cima colocou uma espécie de colete. Ele não podia ser aberto, apenas colocado sendo enfiado na cabeça. Era feito de couro com tom amarronzado e uma touca também marrom que fazia com que o cabelo ainda caía um pouco no rosto, fazendo uma pequena franja. Que novamente, tornava-o um garanhão. 
    Ele abriu a porta do quarto. passou pelo pequeno corredor com uma porta em cada lado. As duas portas estavam abertas. Todos já estavam acordados. Foi só subir os cinco degraus que davam no convés. E lá estava alguém o esperando.
    Chegando no convés Rhoddy estava sentado de frente para a pequena escada. Com uma perna flexionada de lado, de apoiando na outra. Em seu rosto, uma expressão de raiva misturada com indignação. "Nossa Axel, você está vendo o Arco da Fortuna? Por acaso está vendo algum monumento de Origliasso?"."Não" disse ele, contando uma mentira muito mal contada. "Você que colocou a rota. A culpa não é minha se você não sabe navegar!" disse o mentiroso, jogando a culpa em Rhoddy. 
    Setz estava na frente do barco, olhando enquanto o barco se aproximava do Hotel Frumusete. Setz não perguntou nada. Quando foram se aproximando, começou-se a ouvir uma música. Não dava pra entender,era muito confuso. Gritos se mesclavam a música.O barco continuou se aproximando. A clássica música... O CAN CAN! Setz virou-se para Rhoddy, expressando indagação. "Agradeça a Axel por estarmos aqui no Hotel Frumusete! Agora nós devíamos estar em Origliasso, não num Hotel cheio de gente depravada". Setz olhou para Axel. Não expressava raiva. Mesmo conhecendo-os há pouquíssimo tempo, sabia que se Rhoddy era contra, e Axel era gostava... Coisa boa não era. 


    O barco se aproximava do pequeno cais.Haviam três navios muito maiores que o Sirocco. Todos eram navios de piratas. Como eles sabiam?. Navio sujo. Sujeira era uma das principais características dos piratas, para quê limpeza se eles podiam ser mortos a qualquer instante.Outro sinal, era a clássica bandeira pirata. Caveira e fundo preto. 
    Rhoddy estava sentado, muito sério. Axel se levantou para amarrar o barco numa madeira. Achou que ele iria se levantar para sair do barco, mas não. Ele ficou sentando olhando seriamente para Axel. Setz achou que era mais confiável ficar ali sentado junto com Rhoddy. "Se vocês vão ficar aqui fazendo biquinho, que fiquem. Eu vou me divertir!". Disse ele enquanto pulava do barco para o pequeno cais de madeira, que ficava um pouco abaixo do chão do convés do barco. 


 


***


 


    Foi caminhando lentamente pela pequena ponte improvisada que ligava os barcos com a porta do Hotel. Foi caminhando lentamente. Até chegar a duas portas imensas. Tomou fôlego. Abriu uma das portas. No térreo não havia nada de especial, apenas um homem gordo sentado em uma escrivaninha com muitas gavetas. Atrás do homem uma enorme e magnífica escadaria. No começo da escadaria, um homem enorme,ele aparentava ser o guarda-costa do homem gordo. A linda escadaria de madeira esculpida, se abria, formando dois caminhos, cada um em uma direção.
    "Olá Sr. Resner. O que o senhor deseja?". Disse o gordo anfitrião, levantando-se da escrivaninha. "Eu tenho um amigo no meu barco". Ele se aproximou do homem e falou. "E você sabe...". E não continuou a frase, mas o homem entendeu tudo. Ele fez um sinal para um guarda-costa que estava atrás de si. O homem se curvou colocando o ouvido perto do chefe, como se quisesse ouvir algo. O homem soprou algo em seus ouvidos. Ele ergueu-se e afirmou apenas com a cabeça. E subiu a escadaria. A passo a passo cada degrau fazia um barulho. Parecia um piano. Cada degrau possuía seu próprio som. Os rangeres significavam que aquele bruta montes não poderia ficar muito tempo naqueles degraus. Eles poderiam ceder facilmente com o excesso de peso.


    O grandioso guarda-costas virou à esquerda. Abriu porta, e a música se espalhou por todo o local. A música fazia eco na imensidão que era o térreo. Ele entrou. Demorou no máximo um minuto. Quando saiu, quatro garotas usando roupas da clássica dança do can can apareceram e seguiram o homem descendo as escadas.Novamente os degraus rangeram. Desta vez com mais frequência. Desta vez havia mais peso. O guarda e as garotas faziam com que a escada balançasse levemente, mas balançasse. Eles passaram por Axel e pelo homem que estava na escrivaninha. O grande guarda-costas abriu as portas para as quatro mulheres passarem. Depois de passarem, o grande guarda-costas não saiu. Fechou a grande porta.


 


***    


 


   Depois de Axel sair do barco e ir para o Hotel, Rhoddy começou a falar com Setz. "O que aconteceu com Natasha?". Indagou ele, sem mais distrações. "Ela morreu num acidente com uma carruagem". "Nossa". Disse Rhoddy espantado. "Olha, eu também tenho coisas tristes que me ocorreram". Disse ele enquanto revirava sua maleta à procura de algo. "Eu sou órfão". Disse ele enquanto mostrava uma foto. "Meus pais e meus dois irmãos morreram enquanto viajávamos em um navio. E daí Axel me encontrou". Setz pegou a foto na mão e viu. A mãe, o pai, uma garota um pouco mais nova que Rhoddy e outro menino mais novo que ela. "Sabe, eu também sou órfão. Nós estávamos endividados, e a pessoa que nós devíamos, chamou os guardas, que nos prenderam. O comerciante, não satisfeito por ter pego nossa casa e coisas, ainda fez com que nos vendessem, e o lucro ficou com ele. Daí nós fomos comprados por piratas, que nos revenderíam a outros. Mas no meio da viagem, a Marinha nos achou, mas para eles não serem incriminado, fomos jogados na água. Vocês me encontraram, mas meus pais, eu não faço a mínima ideia de onde estejam..."


    Rhoddy parou um pouco e ficou olhando para o sapato. "Talvez você encontre eles um dia". Disse ele tentando dar dar esperança. "Talvez. Mas sabe o que é mais triste? Esse comerciante era o pai da Natasha. Ele nunca quis que eu ficasse com ela, mesmo sabendo que a gente queria ficar junto. Achei estranho quando ela morreu. Ele disse que eu não podia ir no enterro. Mas a mulher dele, e a família, não ficaram tão tristes quanto pais com uma filha morta deveriam ficar".


    Antes de qualquer reação de Rhoddy. O leve barulho da música do can can tornou-se mais alto. Os dois ao mesmo tempo olharam. A porta havia se aberto, e quatro garotas saíram. Rhoddy franziu o rosto. Sabia exatamente o que estava acontecendo. Ele olhou para Setz, e começou a falar rapidamente. "Elas te levaram pra dentro. Não beba nada que te derem. Não entre nas portas vermelhas. E nunca, nunca toque em nenhuma garota, principalmente a Safira". Setz não entendeu nada, mas decorou o que lhe foi dito, poderia ser bem útil. "Axel já tentou fazer isso comigo. Não deu certo, e o homem acabou se desculpando, e não cobrou nada. Então não entre em quartos! E nunca entre em quarto vermelhos! Morra! Mas quarto vermelhos jamais!"-estranhamente incomum Rhoddy utilizar a palavra jamais, que pronuncia-se jamé, é uma expressão de sua cidade que significa um jamais com ênfase, muita ênfase.


    As garotas estavam chegando cada vez mais perto. Seu gingado com o quadril e sua roupas insinuantes, eram o segredo da sedução. Elas estavam mais perto. Mais perto. Mais. E pegaram o braço de Setz, quando ainda estava sentado no convés e puxaram para ele vir. Ele quase caiu no vão entre o barco e o porto de madeira. Mas elas o puxavam cada vez mais forte. Setz cedeu, não iria lutar com garotas. Isso não é coisa que se faça. Foi sendo puxado, até chegar nas  portas, onde foi colocado pra dentro.


    


***


 


    Não irei descrever exatamente o que acontecia na atrás da porta do lado esquerda. Não quero, e não posso. As coisas eram deturpadas e pervertidas. O que você quisesse, você teria, pelo preço certo...


    Setz foi sendo puxado pelas quatro garotas até chegar em um imenso salão com muito homens e garotas dançando. Ao redor da pista de dança haviam pequenas tendas feitas de uma seda vermelha, onde muitas coisas eram feitas...


    Ele continuou sendo levado. Passou pela pista de dança, e chegou ao uma tenda, aberta, com um enorme sofá de estofado também avermelhado. Várias garotas com as roupas do can can estavam a sua espera. Ele sentou. Todas elas o tocavam. Algumas tentaram beijá-lo, mas não obtiveram sucesso. Deram-lhe um drinque, ele não aceito, porém não teve escolha, jogaram o drinque em sua boca enquanto ele recusava a bebida.


    Elas se lançavam em cima dele. Setz estava enojado. Elas passavam as mãos nele inteiro, cada mão que o tocava, ele tentava retirá-la delicadamente. Pensamentos maliciosos vieram a sua mente, como se a luxúria estivesse penetrando em toda a sua moralidade. Mas logo o bom senso voltou, e ele se deu conta de onde estava, e do que estava acontecendo. Ele pensou rapidamente em quantos homens aquelas mãos já deviam ter tocado. Um nojo tomou conta dele, ele olhou para aquelas garotas e começou a pensar no  que elas faziam. Ele se levantou e começou a passar a mão na roupa, como se estivesse se limpando da "sujeira" que havia pegado com aquela garotas. Ele se levantou daquele sofá e começou a se afastar. No meio do salão homens e mulheres dançavam.


    Ele começou a olhar em volta procurando uma saída. A música parou... Era um bom sinal! Talvez a festa tivesse acabado, mas infelizmente Setz estava errado, começou uma outra, com uma batida estranha. Uma letra da música tinha um significado não muito profundo. Mas a música era contagiante. As saias e os chapéus de can can foram rapidamente retirados, tornando-se apenas a roupa íntima e um espartilho.


    As garotas fizeram um roda no centro do salão, fazendo gestos para que os homens se aproximassem delas. A música ficava cada vez mais alto. As garotas conseguiam atrair os homens, fazendo com que eles sucumbissem aos seus próprios desejos. Setz virava o rosto para não ver o que estava acontecendo há poucos metros. A música estava ficando ainda mais alta.


    No meio da roda de garotas apareceu uma mais bonita que todas. Ela começou a cantar um solo na música. Ela saiu do meio da roda e começou a fazer gestos para Setz, para que ele se aproximasse, ele se distanciou, andando cada vez mais para trás. A música estava ainda mas alto. Ele olhou em volta procurando uma saída, e cada vez a música ficava mais alto. Ele  começou a ficar tonto com a quantidade de vermelho em volta, e cada vez a música ficava mais alta. Já estava começando a se sentir tonto, e cada vez a música ficava mais alta. Tudo estava girando, a música estava ensurdecendo-o, o salão girava mais e mais.


 


***


 


    Uma voz chamava-o, mas ele não conseguia entender exatamente o que estava ouvindo. Não conseguia ver nada, parecia que o breu havia tomado conta de sua visão. Ele lutava para conseguir abrir os olhos, aos poucos, voltava gradualmente a compreender o que estava ouvindo. A voz continuava a chamá-lo, e ele começou a sentir seu corpo sendo chacoalhado. O breu começou a tomar forma, ainda muito embaçado, mas podia ver uma forma de alguém o balançando. Sua visão voltou totalmente, e pode ver, estava em um quarto com uma garota chacoalhando-o para que acordasse, e ele viu que estava em um quarto.


    Rapidamente ele levantou-se e foi se afastando da garota que estava apenas de roupa íntima, seu cabelo era de um preto brilhante, sua pele era levemente bronzeada e seus olhos azuis como a maispreciosa das safiras. "Afaste-se de mim!". Ele foi em direção a porta e tentou abrí-la, nada, a porta estava trancada. "Por que estou trancado?". "Você tem quatro horas". "Quatro horas pra quê?". "Você sabe pra que...". Disse ela enquanto se aproximava dele sensualmente. "Afaste-se de mim... Eu sei o que você é!". "Olha, você vem a Frumusete e quer que eu me afaste?". "Fui puxado até aqui! Comecei a me sentir tonto, e acordei aqui!". Disse Setz enquanto tentava algum modo de abrir a porta.


        A garota abriu um pequena escrivaninha e pegou vinho e duas taças. "Não adianta tentar abrir... Espere o tempo, você ficou uma hora desacordado, tentei te acordar durante muito tempo". "E se eu gritar?". "Não tem ninguém aí fora, este é um Quarto Vermelho, temos toda a privacidade que quisermos". Ela já colocava vinho nas duas taças. "Eu não quero privacidade". "Melhor esperar tigrão, Bartolomeu cobrará bem caro, espero que tenha o dinheiro". "Bartolomeu?". "É, Bartolomeu, o dono de Frumusete". "Vou pagar pelo que?". "Eu sou cara meu bem, muito cara".


    A raiva estava possuindo Setz. Chutes eram dados na porta para que ela talvez abrisse, mas não foi o que aconteceu. Ele sentiu-se um pouco tonto, e sentou-se na beirada da cama. "Olha, eu não irei pagar nada, eu não fiz nada, e você sabe muito bem disso". "Convença Bartolomeu, ele não quer saber, quatro horas comigo duzentas moedas de ouro, cinquenta por hora, sou a mais cara...". "Nossa! Você ganha tanto dinheiro assim em um dia? Você é uma...". Antes de Setz acabar a frase lágrimas escorreram do rosto da garota.


    Uma sensação de remorso tomou Setz. Não devia ter ofendido tanto aquela garota. Ele levantou-se e sentou-se de frente, enquanto ela estava sentada em uma poltrona. "Não chore, eu não quis dizer isso...". "Eu sei que eu pareço ser isso que você disse, mas não é minha escolha". A maquiagem começava a borrar, fazendo com que ela passasse de dançarina de can can para uma viúva que estava chorando no enterro do marido."Como assim?". "Eu sou uma escrava, fui comprada por Bartolomeu por piratas e me transformei em mais uma de suas "bonecas", eu não tenho escolha, ele ameaça a mim e à todas". "Você foi tirada de sua casa? Onde você morava?". "No deserto, sou Safira, minha família mora em Poternic"."Poternic? Onde é isso? O que é deserto". "Deserto é um mar, só que de areia, como você não sabe o que é um deserto?". "Nunca houvi falar... Mas o que é Poternic?". "é uma cidade esculpida em uma caverna". "Parece interessante, mas você gostaria de voltar para sua casa não?". "Sim...".


    Alguém bateu na porta dando um susto nos dois. "Já acabaram?". Perguntou a misteriosa voz do outro lado da porta. "é Bartolomeu". Susurrou Safira. "Tenho uma idéia". "Vocês ainda não acabaram? Sairá caro, muito caro! Vou abrir a porta". Dzia ele Enquanto tentava abrir com dificuldade a tranca.


    Setz fez um sinal para a cama, Safira entendeu naquele instante o que ele estava querendo dizer.


    Bartolomeu girava a chave com toda a força, mas ela estava emperrada. "Já estou abrindo, é só um problema na tranca...".


    Safira vestiu a roupa de can can novamente e Setz de posicionou na parede do lado que a porta abria. A tranca fazia barulhos estranhos, parecia que estava quase abrindo...Um barulho determinou, a porta estava aberta!


 


***


    


    Bartolomeu abriu a porta. "Olá...". Suas boas-vindas foram interrompidas quando percebeu que não havia ninguém no quarto, apenas Safira deitada na cama apoiando a mão na cabeça.


    Setz estava escondido atrás da porta. Estava esperando Bartolomeu adentrar mais um pouco o quarto.


    "Onde está você? Você não pode ter saído, a porta estava trancada, não brinque comigo!". Bartolomeu dava passos calmos, olhando em volta.


    "Vai!". Pensou Setz, era o momento! Tirou empurrou a porta fazendo-a fechar, Safira levantou-se e rapidamente puxou o gordo para a cama, fazendo-o desequilibrar, e cair como uma bola. "Vamos". Setz e Safira saíram do quarto e trancaram o dono do luxuoso Hotel Frumusete na Gran Suíte Accordes Armonico. A sua frente um corredor com portas vermelhas, e na saida uma porta branca.


    "Agora vamos! Fuja conosco e mós a levaremos para Poternic". "Não adianta, Brutus está na porta! Ele não deixa ninguém sair se não for junto com Bartolomeu, imagina se ele deixará eu, a pedra preciosa de Bartolomeu,conhecida por todos os piratas...". Ela já estava ollhando para o chão e virando lentamente para abrir a Gran Suite Accordes Armonicos.


    "Não! Imagine o que ele fará com você!". Setz pensou um pouco, ainda bem que ele pensa rápido, porque àquela altura, Bartolomeu já havia se levantado e estava batendo na porta e fazendo ameaças a eles.


    "Quem é esse tal de Brutus?"."É o guarda-costa de Bartolomeu, um homem muito alto e forte...". "Ele tem algum ponto fraco?". "Ponto fraco? Você sabe de onde ele é? Ele veio com os Mercadores..."."Estranho, nunca houvi falar... Mas e a chave?"


    Setz fez um sinal de silêncio, apontou para a chave, Safira a pegou. Foram andando calmamente, tentando não fazer muito barulho. Setz parou e virou-se para falar. "Tive uma idéia!". "Qual?". "Digo a Brutus que que Bartolomeu está passando mal, você se esconde atrás da porta, e quando ele for "socorrer" Bartolomeu nós fugimos". "é um bom plano mas... E se Brutus abrir a porta com muita força e me machucar?". "Não se preocupe, eu segurarei a porta para ele passar".


    Safira estava convencida de que voltaria para seu lar, e que esqueceria todo seu temeroso tempo em Frumusete, parecia que a cada passo a expectativa aumentava.


    Setz fez um sinal de OK. Ele se posicionou no lugar onde ficaria escondida. Setz fez outro sinal, iria começar a contagem para abrir a porta.


    Um...


    Dois...


    Três...


    "Brutus! Bartolomeu está passando mal".  Setz usou todo o seu talento teatral para fingir que estava preocupado. Felizmente Brutus só tinha tamanho, porque seu cérebro com certeza não era normal, e ele caiu direitinho.


    Quando Brutus já estava quase chegando na Gran Suite de Accordes Armonicos, safira saiu de trás da porta e começou a caminharam em direção a escadaria principal.


        "Deu certo!". Disse Safira, com seus belos olhos azuis, mais mais brilhantes. Ao pisar no primeiro degrau rangedor, Setz se lembrou de Axel. "Preciso chamar Axel, ele é o dono do barco, não posso partir sem ele!". "Tudo bem... Te espero lá fora!". Setz seguiu para a porta onde tocava a música alta, enquanto Safira descia os degraus rangedores. Quanto mais se aproximava, mais alta a música ficava, os rangeres davam cada vez mais ânimo para Safira. Tomou fôlego e abriu a porta, a música o engoliu, e o último passo de Safira fez com que o coração de Safira acelerasse, parecendo que sairia da boca.


 


***


    


    "Aonde você está indo?". Perguntou uma voz nas costas de Safira que automaticamente se virou. "Kendra?". Uma mulher também com roupa de can can, estava sentada na escrivaninha de Bartolomeu.


    Safira ignorou e já ia sair, quando percebeu que a porta estava trancada. "Nananinanão". Disse Kendra saindo de cima da escrivaninha. "Onde está a chave?". "Está comigo". "Me dê, por favor". "Não". "Por quê?". "Simples, você sempre foi o diamante de Bartolomeu, sempre ficou com os ricos e limpinhos, mas eu, sempre tive que beijar piratas fedidos e banguelas...".


    Safira cerrou os punhos, chamá-la de diamante foi um insulto, ela queria ser chamada da pedra que a denominava, não por qualquer pedra, mesmo que a outra fosse mais cara.


    "...Não adianta, você não sairá daqui!". Nquele momento ouviu-se um estrondo que assustou as duas. O estrondo vinha da porta que dava no corredor de portas vermelhas.


    Aproveitando a distração, Safira golpeou Kendra no rosto. "Me dá a chave se não, vou ter que tirá-la de você a força!". Após terminar a frase Safira empurrou Kendra para cima da escrivaninha e começou a puxar seu cabelo. "Não quero te machucar, mas se você não me der a chave...". A frase foi terminada com Safira levantando seu punho em forma de ameaça.


 


***


 


    Setz entrou no grande salão vermelha com a música alta. Uma olhada superficial não foi o bastante para determinar onde Axel estava, para achá-lo foi necessário que ele subisse em uma das mesas vermelhas de veludo.


    Apoiando com uma mão, deu impulso e subiu na mesa. Olhando, enquando as pessoas dançavam e se beijavam, mas de longe Setz mirou Axel, não acreditou! Axel estava apenas de cueca dançando totalmente bêbado. Setz pulou da mesinha e foi correndo em direção a Axel.


    Passava pela multidão de pessoas, se esquivando enquanto eles dançavam totalmente bêbados. O cheiro de bebidas alcoólicas já estava deixando Setz estonteado. Passo a passo, continuava se esquivando dos bêbados que estavam quase caindo em cima dele.


    Axel já estava a distância para ser puxado. Setz o puxou, enquanto ele dava tropeços, que apenas pessoas muito bêbadas poderiam dar. Ele continuo sendo puxado até chegarem na porta.


    Após saírem do salão, Setz percebeu que Axel estava fedendo muito, tanto a bebida alcoólica quanto a suor, muito suor.


    "Não tente fazer gracinha!". Disse uma voz atrás de Setz, e logo após isso, foi pego pela parte de trás da sua gola. "Você está tentando fugir com minha jóia? Brutus fará você se arrepender rapidinho! E você Senhor Resner, está me devendo quinhentas moedas de ouro!". Parecia que o valor assustadoramente alto fez com que todo o álcool no sangue de Axel se dissipasse, e ele voltasse a realidade naquele mesmo momento.


    "Quinhentas?". Ele olhou com perspicaz para Bartolomeu que estava ao lado de Brutus, e disse. "Nem que eu fosse milionário!". E deu um chute na parte íntima de Brutus. O guarda-costas era enorme e músuculoso, mas te digo uma coisa, todos os homens tem um ponto fraco em comum!


    Após o golpe baixo, Brutus não resistiu e soltou Setz. Os dois começaram a descer correndo a grande escadaria principal, os rangeres não paravam, pareciam uma orquestra sinfônica totalmente desafinada.


    "Voltem aqui seus trapaceiros!". O gordo desceu desajeitadamente a escadaria atrás deles. Safira estava ali segurando Kendra em cima da escrivaninha. "Vamos Safira!". Gritou Setz, fazendo um sinal com a mão. "As portas estão trancadas! A chave estão com Kendra!". Setz passou os olhos rapidamente sobre o salão, e ouviu o som de chaves, elas estavam com Bartolomeu. "As chaves estão com Bartolomeu! Não estão com Kendra!". "Parabéns! Não estão comigo, mas você Safira não sairá daqui!". Ela agarrou o cabelo de Safira, ela tentava tirar a mão de seus cabelos, mas não dava.


    Axel rapidamente correu e arrancou a chave do bolso de Bartolomeu. "Vamos Setz!". Disse ele enquanto abria a tranca das portas, enquanto isso o gordo desajeitado, já estava cansado de ter de descer tão rápido aquela escadaria enorme.


    "Vamos Setz". "Não, Safira tem de ir junto!". "Não sei se você reparou, mas Brutus está se levantando e vindo para cá!". Axel estava certo, Brutus já estava recuperado e estava descendo a escadaria com toda a velocidade.


    "Vamos Setz!". Setz olhou, o guarda-costas gigantesco estava descendo a toda velocidade, e Safira estava brigando com Kendra. "Safira, eu volto para te ajudar!".Os dois saíram do Hotel e rapidamente Axel trancou as portas por fora, só se ouvia os gritos de Safira e os socos e ponta pés de Brutus nas portas do luxuoso Hotel Frumusete.



 


"As Aventuras de Zackary" - Meu livro antigo


Meu outro livro, comecei mas parei, veja se você gosta!

A conversa entre primos

Zackery estava passeando por Neutrinos, procurando seu primo Kairo.


-Oi Kairo!-disse ele.


-Oi, está sabendo?-perguntou o primo.


-Do que?


-Do roubo do banco, do banco mais famoso do país, o "Banco de Katáras".-eles continuaram conversando sobre esse grande roubo até chegarem na casa de Kairo.


Ele ligou a televisão, estavam passando notícias do banco, e o repórter estava falando:


-Estamos transmitindo diretamente do "Banco Nacional de Kartarás" que também é chamado de "Banco de Katáras" onde está praticamente todo o dinheiro de Neutrinos, a capital de Kartarás .Um milhão de katáras foram roubadas do banco, a vítima desse roubo foi o herdeiro da riqueza de Mallivet Marotto, que morreu há dois meses, ele foi o homem mais rico de Kartarás.Até agora não temos nenhuma informação sobre o ladrão.Se tiverem informações liguem para "222459-0058".Tenham uma boa noite .-encerrou o repórter.


-Kairo?-chamou Zack -Tive uma idéia!


-O que Zack?-perguntou Kairo.


-Vou procurar o ladrão pelo Kartarás inteiro!Acharei o ladrão, ficarei famoso e as pessoas de todo Kartarás vão me conhcer!-exclamou Zack, muito animado.


-Está louco!?Você vai procurar um ladrão?-indagou Kairo surpreso com a ambição do primo .


-Não estou louco nada!Quero apenas ser conhecido por todo o Kartarás...E até pelo mundo!


-Está bem?Mas domingo falaremos com nossa família!


A decisão


Todo domingo a família de Zackery se reúne na casa da pessoa mais velha da família, e naquela época a pessoa mais velha da família era a tataravó Thára, que tinha cento e vinte anos de idade.


Quando Zackery falou que iria percorrer Kartarás, todos concordaram menos sua mãe e sua tataravó Thára.


Então o pai de Zack, num gesto de confiança no filho começou a falar:


-Filho, você tem apenas quatorze anos...Mas agora já é preciso deixar você seguir seu caminho - para as pessoas de Kartarás, que possuem um idioma misturado entre, francês e alemão, Weise significa caminho ou trajetória da vida, ou também quer dizer destino - Este livro, não é um livro qualquer, este é seu Livre WeiseLivre em kartarano significa livro muito importante, então Livre Weise significa livro da trajetória da vida - Você tem que escrever sua trajetória nele, todos em nossa família quando fazem a escolha de sair de casa recebem seu Livre Weise.


-Oh!Zackery!-gritou Kairo - Se você for ficar famoso...Eu também quero, viu!


-Pode vir junto!


Eles arrumaram as malas, se despediram de todos, amigos, parentes e conhecidos.Antes de partir Kairo que já tinha seu Livre Weise porque ele já havia ido para Étudiante que em kartarano significa escola com quartos, ele levou sua pluma de águia-real, e Zack que ainda não tinha a pluma, teve de comprar uma.


Eles chegaram na estação de trem de Neutrinos, não sabiam para onde ir, pois onde poderia estar este ladrão? Então eles resolveram ir para Flauts.


Flauts, a cidade dos flautistas


Zack e Kairo, já estavam viajando, quilômetros de distancias de Neutrinos, quando começaram a conversar com uma garota, ela era de Neutrinos como Zackery e Kairo.


Quando eles ainda estavam há cinco quilômetros de Flauts, começaram a ouvir barulho de flautas tocando uma musica muito alta, tão alta que se ouvia há cinco quilômetros de distância.


Chegando na cidade, os garotos desceram do trem, e deram de cara com um homem tocando flauta e pedindo esmola. Muito estranho para eles, verem um homem pedindo esmola. Pois em Neutrinos, não existem pessoas pobres, já que Neutrinos era a capital de Kartarás. Sendo que Kartarás era o país mais rico do continente, naquela época.


Os garotos, para conhecer a nova cidade, foram ao centro, para conhecer a prefeitura. Chegando ao centro da cidade, viram uma estatua de um flautista, que mais parecia uma criança com uma flauta na mão, meio que dançando. Viram também, uma orquestra de crianças, mas, todos tocavam flauta, apenas flauta.


Tinham varias placas nas ruas...Algumas diziam "AULAS DE FLAUTA DOCE" outras diziam "VENDE-SE FLAUTAS TRANSVERSAIS", mas sempre algo referente à flautas.


-Nós temos que achar o ladrão, esqueceu Kairo?-lembrou Zackery.


-Não esqueci não, viu?-relutou Kairo.


-Olha!Aquela casa não tem nada a ver com flauta!Deve ser casa de gente normal!-disse Zack, não muito alto para as pessoas não ouvirem.


-Mesmo sendo loucos por flautas, essas pessoas são bem normais!-corrigiu Kairo.


-Ta brincando não é?-insistiu Zackery.


Os garotos resolveram então tocar a campainha da casa, a campainha tocou uma musica tocada em flauta, muito estranho para uma campainha ter musica de flauta...Barulho de campainha só tem dois, ou o BlimBlom! Ou o arisco Peeeeen! .


-Agora eu vi que essa gente é maluca mesmo.-falou Kairo, afirmando com a cabeça.


-Quem é?-perguntou uma voz atrás da porta.


-Somos da capital, de Neutrinos...-rapidamente a porta se abriu, e viu-se uma mulher.


-Entrem!-disse rapidamente a mulher.


Zackery e Kairo entraram, e começaram a conversar com a mulher.


-Então, vocês são de Neutrinos?-perguntou a mulher ofegante.


-Sim somos.- respondeu Kairo, achando muito estranho o jeito da mulher.


-Desculpe falar assim, é porque eu não agüento mais flauta. Toda hora tem alguma flauta, se não esta tocando, esta vendendo, se não estão vendendo, estão tendo aula, vocês viram que até a minha campainha tem flauta?E o monumento da Praça dos Flautistas, eu não agüento!-falou a mulher meio com ar de desespero.


-Então, mas, se a senhora não gosta de flautas, por que a sua campainha toca que nem flauta?E porque a senhora iria morar nessa cidade obcecada por flauta?-perguntou Kairo.


-É porque meu marido arranjou um emprego muito bom aqui em Flauts, e a campainha, é porque essa casa é alugada, e os donos colocaram essa campainha, e eu não posso mudar a campainha.- respondeu a mulher se explicando.


-Entendi.- disse Kairo afirmando com a cabeça.


Os garotos e aquela mulher conversaram um tempo, quando seu marido chegou, a mulher apresentou os garotos a ele. O marido da mulher, mesmo sem conhecer os meninos, os chamou para ficar uns dias em sua casa.


Alguns dias depois, houve roubos, dessa vez o alvo foi uma criança, uma menina que teve sua boneca roubada. No dia seguinte, houveram vários roubos, um dos roubos, foi o roubo de um relógio muito antigo, e coisas velhas .Mas quem iría roubar coisas velhas?


No ultimo roubo de todos, perguntamos para a pessoa se ela havia visto para onde o ladrão havia ido .A pessoa respondeu que viu, e que o ladrão estava indo em direção ao Circulo de Leviten, um local onde as pessoas se reuniam para conversar e passear, o lugar tem esse nome, pois uma lenda conta que exatamente acima do circulo estava a cidade de Leviton, a cidade dos homens-de-ar.


Zackery e Kairo, se prepararam para a viagem para o círculo, que ficava há dois quilômetros de Flauts. Mas eles resolveram sair no dia seguinte. Arrumaram as coisas, mas durante quase todo o tempo, Kairo ficou lendo um livre chamado "Leviton, a cidade-de-ar", que falava tudo sobre essa lenda de Leviton.


Na hora de sair, os garotos pegaram as coisas e saíram.Andaram dois quilômetros, até o Circulo de Leviten .Estavam várias pessoas conversando e se divertindo, naquele lugar, havia brisas frescas, então todos escolhiam ir para lá .Mas, todos a partir das três horas da tarde, tinham que sair, era apenas uma superstição.Os garotos resolveram ficar, e Kairo teve uma idéia.


A pedra de Leviten


A idéia de era que eles subissem em uma pedra e dessem um jeito de voar .Zackery se recusou a fazer isto, ele sabia que as pedras não voavam, mas Kairo insistiu .Sem opção, Zack subiu na pedra escolhida por Kairo, era uma pedra alta, com mais ou menos um metro e meio, não é muito alta, mas para Zackery que era um pouco maior do que aquela pedra, era meio difícil subir.


Depois dos garotos terem subido na pedra, Kairo abriu seu livre, falou umas palavras estranhas...Lentamente, a pedra começou a voar, até alcançar alguns metros no ar, depois começou a acelerar.


-Está voando!Esta voando!-gritou Zack impressionado-E daí!- complementou Zack fazendo pouco caso, mas ainda achando impressionante a vista de cima.Eles voaram tão alto que chegaram, a sociedade Alcéis, que vive em cima das árvores, mas não são arvores normais, são as árvores mais altas que existem, por isso tem esse nome.


Eles voaram durante mais ou menos quatro horas, ainda bem que Zack tinha trazido um lanche para eles comerem durante a viagem.Quando deu seis horas, o sol saiu, e começaram a aparecer estrelas, estrelas não são bolas ou astros com luz própria, mas sim pequenos pontos de luz liduxiana, liduxiana vem da palavra lidux, que é uma lenda que fala que toda a luz da noite, é responsável por esse povo os lidux .Mas agora você esta se perguntando, então de onde vem a luz do sol?A luz do sol vem de outro povo, o sol é como se fosse uma fogueira gigante, que é acessa quando as estrelas saem do céu.


Eles voaram muito alto até alcançar os ninhos de güarcos, que são pássaros que nunca dessem até o chão para pegar alimento, e vivem em ninhos de nuvens e não comem, apenas tomam água da chuva


Os garotos começaram a ver bem longe uma cidade que voava no ar, tinham muitas luzes, e pessoas que voavam.Eles ficaram muitos surpresos.Lentamente foram se aproximando, e chegando na cidade.





















Leviton, a ultima cidade-de-ar


Quando os habitantes de Leviton começaram a ver os garotos, pararam de fazer suas coisas, e ficaram observando eles chegarem. A pedra parou na cidade, do céu, veio voando um homem bem arrumado, só que com roupas diferentes, como todas as pessoas.


-Bem-vindos a Leviton!É uma honra tê-los em nossa cidade, faz muito tempo que não recebemos visita de pessoas da terra.-este abraçou os garotos e os comprimentou.


-Senhor?-chamou Zack.


-Fale!-respondeu o homem com um sorriso no rosto.


-Por que eu nunca tinha ouvido falar sobre "cidades-de-ar?" ·


O homem cabisbaixo, respondeu-Meu jovem, esta é a última cidade-de-ar. Todas as outras foram perdidas pela falta de luz liduxiana. -encerrou.


-Mas o que é essa tal luz liduxiana? –perguntou o garoto.


-De noite, sem iluminação, as cidades-de-ar se perdem no escuro, mas com as luzes liduxianas, a cidade fica numa escuridão só.


-Está bem-interferiu Kairo -Vamos ao assunto principal, estão acontecendo roubos senhor?-perguntou Kairo.


-Felizmente não. -disse o prefeito com ar de mentira.


-Nas últimas semanas não se houve nenhum roubo? -perguntou de novo Kairo.


-Na verdade, ontem e anteontem houveram cinco roubos, e parece que hoje também haverão roubos. –daí em diante continuaram a conversa.


Naquela noite, os garotos fizeram uma armadilha para o ladrão. Todas as casas do bairro mais rico da cidade tinham uma campainha, que quando fossem roubadas teriam de tocar para todos saberem.


No meio da noite, os garotos começaram a ouvir um som muito alto .Correram para ver onde era. Chegando na casa, viram tudo fechado, e os moradores dentro.


-Venham! Cercamos eles! Meu irmão esta do outro lado da casa vigiando, é melhor um de vocês ir para ajudar meu irmão. –disse um adolescente.


Kairo correu para o fundo da casa. Os dois juntos abriram a porta e viram, que o ladrão estava com uma roupa muito estranha. Em um piscar de olhas, este pegou um punhado de pó, jogou sobre si, e desapareceu.


O homem estranho apareceu na saída da cidade, e pulou para o infinito. Rapidamente, os garotos pegaram suas coisas, subiram na pedra, e começaram a voar atrás do ladrão.


O povo Lidux


A pedra já estava voando atrás do ladrão, Kairo, que sabia como controlá-la, ordenou que ela seguisse o ladrão até ele ordenar parar.Então os garotos dormiram, sabendo que a pedra estava seguindo o ladrão.


No meio da noite, Zack ouviu algumas vozes, mas achou que fosse apenas imaginação. Quando abriu os olhos, ele não via mas nenhuma luz liduxiana.


-Onde estão os pontos liduxianos? -perguntou Zackery muito preocupado.


Rapidamente ouviu-se uma resposta-Agora você conhecera Lidux.


Logo depois, Zackery viu uma luz muito forte. Então ele viu que não estava mas na pedra, mas sim em um campo infinito com muita grama, tanta grama que não se via o fim desse campo.


Então ele olhou para o céu, e não haviam estrelas. Uma aurora boreal pequena se formou, e foi crescendo, e a medida que ela crescia, via-se um rosto, parecia até que ele estava falando com Zackery.


Alguns duendes desceram voando do céu, só que eram de um metro de altura.


-Oi duendes!- gritou o garoto ofegante.


Aquelas criaturas pararam de voar, e foram andando na direção de Zackery –Oh Humano!Não somos duendes!Na verdade, não existem e nunca existirão duendes.Nos somos liduxs -encerrou uma das criaturas.


Rapidamente, a escuridão da noite desapareceu, começaram a rapidamente brotarem arvores verde, com muitos frutos. Então, no horizonte, um castelo começou a se formar, mas não era um castelo comum, ele era feito de pedras preciosas e semi-preciosas. Era um espetáculo para Zack, mesmo que na capital tenham coisas muito bonitas, aquele lugar e um paraíso.


Um lidux com uma espécie de bolsa, se aproximou dele e disse-Senhor, não quer que eu jogue em você meu pó de voou?Para que não tenha que andar tanto?-perguntou um lidux com muita educação.


-Primeiro, não me chame de senhor -disse Zackery –Segundo, qual e o seu nome?E terceiro, quero pó sim. -encerrou Zackery balançando a cabeça com um sinal de afirmação.


-Meu nome e Topázio- disse o pequeno enquanto pegava uma coisa em sua bolsa- Ah!Sim!Aqui, minha pedra de vou, sempre tenho uma a mais, ao invés de te dar um punhado de pó, te darei uma pedra de vou.


-Obrigado pequeno!


Os dois começaram a voar, e foram conversando até o castelo de pedras preciosas. Quando chegaram no castelo, já eram grandes amigos.


Nos portões do castelo havia guardas, em torno de meia dúzia. Zack, perguntou aos guardas se eles poderiam entrar. Mas Topázio, sem dizer nada, mostrou uma pedra preciosa com uma espécie de letra "R". Rapidamente os guardas se curvaram e disseram.


-Oh majestade perdão!


-Você é o rei? – perguntou Zack.


-Não, apenas filho do rei. – afirmou Topázio.


-Apenas? Você é o futuro rei de uma cidade de pedras preciosas,isso é de mais! – gritou Zackery.



2 - Primeira Parada em San M...

 Capítulo 2 - Primeira Parada em San Marco

 

    "Esta era a cidade mais importante para o comércio no Arquipélago de Rarvell".

    

    "Ei, acorde! Já é noite e você precisa comer alguma coisa". Disse uma voz enquanto Setz tentava enxergar quem falava. Quando sua vista desembaçou e conseguiu discernir o que havia ao seu redor, levantou-se e recordou que estava em um navio. Não via ninguém, nem os dois garotos que haviam salvo sua vida. Olhou ao seu redor, um convés de aproximadamente três metros do lado direito ao esquerdo, atrás dele uma pequena escada, ele se aproximou da escada e começou a ouvir um barulho de conversa. Era sinal de que haviam pessoas depois daqueles degraus. Ele desceu os degraus lentamente, sentindo a madeira ceder levemente enquanto passava por cada degrau. Chegou em um pequeno corredor com três portas, duas à sua esquerda e uma a sua direita. Ele aproximou o ouvido das portas para ver se o som vinha de alguma delas. Errado. Nenhum som vinha de trás daquelas portas. Na verdade o som vinha de um corredor que havia do lado da porta à direita. Entrando no corredor escuro. Virando novamente à direita. Encontrou-se em um pequeno salão,com uma mesa redonda,com quatro cadeiras. Numa das paredes uma estante, cheia de livros, de todos os tipos. Do lado uma escrivaninha,cheia de anotações e desenhos.


    "Claro, temos pão, carnes, frutas e até vinho". "Se eu tomar vinho agora eu posso morrer, quero comer um pão mesmo". Então eles deram-lhe, ele comeu, e toda aquela fome e aquele mal-estar terrível se amenizou, não desapareceu mas amenizou-se. Os dois amigos fizeram um sinal para que ele se sentasse a mesa."Aqui nós temos muito tempo para conversar, e um dos assuntos, quer dizer o único assunto é garotas". Então rapidamente o olhar passou de cansado para de desaprovação.


    "Qual seu problema com garotas?". Mas ele preferiu não responder continuando em silêncio comendo mais alguma coisa."Você é homem! Vamos lá você gosta de garotas, todos gostamos de garotas" e novamente olhou desaprovando, e continuou em silêncio. Então Rhoddy tentando ajudar, falou "Tudo bem se você nunca beijou uma garota as vezes as pessoas demoram" e então ouviu-se uma risadinha de Axel.Então o olhar de desaprovação deu lugar ao um olhar de tristeza e amargura. "Garotas só causam tristezas" e retirou-se.


    "Qual é o problema dele?" disse Axel. "Qual é o seu problema?" disse Rhoddy um pouco irritado "Nós não sabemos nada sobre ele, devemos ser amigáveis". "Esse papo de nunca beijar não existe" disse Axel soberbo. Rhoddy cada vez mais irritado disse "Talvez alguém aqui nunca tenha beijado", então Axel riu, "Rhoddy Rhoddy, você nunca beijou uma garota? Como você faz isso?"


    Então a paciência dele acabou, e retirou-se para falar com Setz. O barco era pequeno, não é como navios da Marinha, mas possuía espaço para cinco pessoas viverem muito bem."Às vezes o Axel é assim, ele trata garotas como roupas, em cada ilha ele tem uma namorada" disse Rhoddy tentando consolar o novo companheiro de viagem. "Olha, eu só quero voltar para casa e continuar minha vida" disse Setz com um olhar triste. "Mas qual é sua ilha?" perguntou ele tentando ajudar. "Wolfric, e é uma cidade não uma ilha"."Cidade? Então você é do continente?". "Sim, continente de Undosia" respondeu ele. "Continente de Undosia? O meu continente era Gybius". "É o continente de Undosia" disse Setz olhando tristemente.Logo nesse instante Axel chegou um pouco sem jeito pelo que havia falado. "Olha Setz, desculpa, eu não tinha que ter mexido com você, se não quiser contar tudo bem". Ele olhou com uma mescla de desprezo e tristeza "Olha, eu só quero ir para casa". "Amanhã a gente conversa, precisamos dormir" disse Rhoddy já se levantando."Tem mais um quarto aqui no barco você vai ficar lá" então ele o levou ao seu quarto e se despediu. Logo depois da porta ser fechada, Setz deitou-se na cama e começou a chorar amargamente, chorou muito.



   ***


    


    A luz do sol entrou pela janela e iluminou o rosto de Setz, fazendo-o acordar. Depois daquela noite mal dormida ele só queria comer algo e chegar a sua cidade.Alguém bateu na porta. "Ei, vamos acordar!" e a figura de Rhoddy apareceu. Rhoddy tinha um cabelo castanho escuro e não era muito alto, nem muito baixo."Rhoddy... Bom dia" disse ele sonolento. "Vamos lá, chegamos a sua primeira parada, San Marco" disse ele animado, como se algo de muito interessante estivesse acontecendo naquela ilha.Setz pegou sua roupa, quer dizer, pediu uma roupa emprestada para Rhoddy. Se vestiu e chegou no convés – digamos que o espaço não era tão grande assim para ser chamado de convés mas seria um convés pequeno – onde estava Axel.


    Talvez Rhoddy tenha dito para Setz que Axel era digamos assim um pouco mulherengo, ou talvez muito mesmo.Mas Setz achou que Rhoddy estava exagerado quando disse que "ele trata garotas como roupas, em cada ilha ele tem uma namorada", mas ao ver Axel ficou assustado, nem parecia o mesmo garoto desarrumado e sujo do dia anterior.Estava com uma roupa que faria qualquer garota suspirar, o cabelo molhado com água do mar caindo na testa fazia dele um verdadeiro mulherengo. "Vamos lá, temos muita coisa a fazer hoje" disse ele com um ar despojado. Rhoddy chegou perto de Setz e falou baixinho "Ele tem muitas garotas para beijar" disse ele com um sorriso mas Setz continuou igual sem rir.Axel colocou a ponte entre o barco e o porto. E eles desceram na Ilha de San Marco.



***    

 

    Após descer a rampa que foi usada como ponte os três garotos estavam em San Marco. Esta era a cidade mais importante para o comércio no Arquipélago de Rarvell. Este arquipélago era formado por cinco ilhas-cidades – ilhas habitadas que possuem comércio e governo próprio – e mais algumas ilhas não exploradas que possuíam animais incríveis."Essa cidade não cheira mal como a minha cidade" disse Setz, muito baixinho. "Como assim? Sua cidade cheira mal por quê?" perguntou Rhoddy. Ele ficou em silêncio. Os três continuaram andando pelas ruas de San Marco. As ruas eram feitas de paralelepípedo. Paralelepípedo se parecem com tijolos mas são feitos de pedra e são mais consistentes.


    "Você falou desse tal mal cheiro, todas as cidades possuem um sistema de esgoto, a sua não tinha?" perguntou Rhoddy. "O que é um esgoto?" perguntou a Axel, Rhoddy percebeu que apenas ele sabia o que significava esgoto. "Digamos que esgoto é um conjunto de tubos que levam as necessidades que você faz no banheiro" disse ele com ar de professor. Axel concordou com a cabeça como se já tivesse entendido tudo. "Primeiro eu quero saber o que um banheiro" disse Setz intrigado, então Axel e Rhoddy riram e Rhoddy bateu nas costas dele e disse "Meu caro amigo, em que mundo você vive? E depois nós te explicamos isso"."Axel, você vai lá no bar, né? Setz você quer vir comigo ou quer ir lá no bar com o ‘Sr. Pegador’?" disse ele tirando sarro de seu amigo. "Para onde você vai?". "Vou na biblioteca ver se tem mapas novos para nos ajudar nas viagens". Setz achou que ir ao bar não seria a coisa mais divertida do mundo mas seria melhor que ir à uma biblioteca. "Desculpe, mas irei ao bar".Ele seguiu-o até bar. Correu um pouco para alcançá-lo.


    No bar Axel chegou logo sentando numa mesa com uma garota consideravelmente bonita. E educadamente – o que parecia impossível para o garoto grosseiro que se mostrara no dia anterior – apresentando-a a Setz. O nome dela era Raven.Ele começou a sentir sobrando. Os dois estavam ali se beijando e ele sozinho, era melhor se retirar. "Ei Raven" disse uma garota que estava sentada ali perto "Quem é aquele ruivo bonitinho?" , Raven conversou rapidamente com Axel e ele levantou-se para falar com Setz. "Ei cara, está vendo aquela garota?" disse ele apontando para a tal garota "Ela gostou de você, vá lá e fique com ela, você vai melhorar" disse o amigo batendo nas costas dele. Então no mesmo silêncio da outra vez que Axel falara de garotas, Setz ficou. "Vamos lá, ela é bonitinha" insistiu ele. E novamente como da outra vez que garotas foram citadas ele olhou com olhar de desaprovação."Esqueça esta garota, tem muitas outras no mundo! Uma só não faz diferença" logo após o fim dessa frase Setz se levantou raivosamente fazendo a mesa cair, e pegando Axel pela gola da roupa falou "Olha, existem muitos garotos, se acontecesse algo a você, faria alguma diferença?" disse ele com seus olhos cheios de raiva. Axel ficou com medo e engoliu em seco. Setz soltou-o. E quando ele estava se acalmando Axel estava saindo quando disse algo muito, muito infeliz."Talvez eu fique com ela" então ele passou de raivoso para uma cólera inimaginável. Ele se levantou tão rápido que Axel não conseguiu nem reagir, e novamente ele virou Axel e falou muito sério "Se você continuar falando essas coisas, a única coisa que você irá ficar é com um olho roxo ou pior!" disse ele soltando-o bruscamente.


    Axel foi a frente enquanto Setz tomava um pouco de suco de uva – era suco de uva mesmo, Setz não toma bebidas alcoólicas – enquanto ele andava ouviu uma voz o chamando. "Axel! Axel!" quando olhou, era Rhoddy acenando.Ele correu para alcançá-lo. "Achou algo?" perguntou Axel. "Achei um mapa que nos ajuda a nos guiar pelo sol e pelas estrelas" disse ele mostrando uma cópia dos mapas feita por ele mesmo "Mas por que sua gola está meio repuxada?". "Eu brinquei sobre essa tal garota, e ele ameaço me da um soco no olho" disse ele afirmando convicto de que Setz era uma ameaça.Rhoddy olhou envolta para ver se Setz estava perto. Depois de checar se ele não estava começou a falar "Ontem à noite, depois de eu fechar a porta do quarto dele eu escutei uns barulhos de choro". "Choro, que estranho...". "Mas além disso, durante a noite eu ouvi mais barulhos" ele novamente olhou em volta e continuou "Ele gritava um nome" e ele parou. "Que nome Rhoddy? Me conte" e quando ele abriu a boca para falar o nome.


    Setz apareceu surpreendendo-os, como sempre ficou calado. "Precisou copiar mais algumas coisas" disse ele disfarçando "E também precisamos comprar comida" e olhou para Axel, para que ele concordasse. "Claro" disse ele também disfarçando "Vamos agora comprar comida".Os três foram caminhando até o comércio de comida. "Nós somos artistas de rua". "Como assim? Vocês são palhaços dos outros? Vocês fazem graça e os outros jogam umas moedas?" perguntou ele achando isso impossível."Olha só" disse Axel pegando cinco maçãs de uma loja de frutas, o dono não gostou muito da ideia. E logo um grupo de pessoas estavam em volta vendo Axel e Rhoddy fazendo malabarismo com dez maçãs. "Podem ficar com as maçãs, vocês merecem!" disse o dono da loja que as maças foram pegas. A apresentação era realmente impressionante. Era uma apresentação sincronizada que deixaria qualquer um de boquiaberto.Depois de um tempo fazendo aquela apresentação, Axel e Rhoddy pararam. "Olhe o chão" disse ele apontando "Aí está o dinheiro para comidas e bebidas". O chão estava totalmente coberto de moedas. Então eles pegaram e colocaram dentro de sacos."Agora vamos a biblioteca" disse Rhoddy. Axel já ia falar que não iria, mas depois das ameaças de Setz, ele preferiu ficar perto de Rhoddy. "Então vamos".


    Digamos que aquela biblioteca fosse mais vazia que bibliotecas normais. Ela só tinha a bibliotecária. Uma senhora magra, muito idosa, muito magra e muito seca."Vou ver os mapas, dêem uma olhada em algo que lhe interessem. Vou copiar o resto dos mapas que precisamos" e Axel preferiu ficar perto de Rhoddy, enquanto Setz procurava algum livro sobre esse tal ‘esgoto’ que Rhoddy havia falado."Me fala logo o nome" disse Axel sem paciência. "Não, ele ainda está perto e pode ouvir" e ele ficou esperando Setz se afastar e recomeçou "Ele gritava para voltar essa pessoa, ele gritava para que uma tal de Na..."Setz estava voltando para sentar-se a mesa, para ler um livro sobre esse ‘esgoto’. Rhoddy parou de falar, acho melhor ficar calado para não haver risco dele ouvir.Enquanto Rhoddy estava sentado copiando os mapas, Setz lia sobre esgoto e Axel estava sentado do lado olhando os mapas, sem entender absolutamente nada.


 



***    

 

    A porta foi empurrada bruscamente, abrindo totalmente. Alguém aparece na porta da biblioteca. Era um almirante da Marinha, dois soldados e um homem que estava nas lojas do comércio."Almirante! São eles mesmos!" disse o homem apontando. "Vocês estão presos por roubo!" disse o homem que estava comandando os dois soldados. Rhoddy olhou para Axel e disse "Você não roubou nada, né?". "Não"."Eles roubaram as maçãs de um comerciante" disse o homem, que continuava apontando para eles, como se mostrassem eles como culpados. E os dois balançaram a cabeça como se dissessem "Não".


    Setz nem percebeu que alguém havia entrado na biblioteca de supetão, pois estava lendo o livro atentamente."Venham! Os levaremos á prisão!" disse o tal almirante. Axel sorriu sarcasticamente e falou "Me prendam se conseguirem!". Pulo sobre as mesas da biblioteca e saiu correndo. Pulando de mesa em mesa, até chegar na que estava na frente do tal almirante. Pegou impulso e pulou sobre os soldados e saiu correndo, deixando-os sem atitude."Peguem-no!" e todos saíram correndo atrás dele. Esquecendo-se de Rhoddy e Setz que estavam parados ali.


    "Setz... Vamos logo, precisamos ir" e logo ao final dessa frase Setz fechou o livro e levantou-se. Rhoddy fez um sinal para ele ir junto.Eles sempre tinham um plano para acusações falsas. Rhoddy foi andando, passou pelo bar, pelo comércio e pelas casas. Axel corria pelo outro lado da ilha desviando das pessoas e confundindo as pessoas que o perseguiam.Rhoddy correu, correu, até chegar ao porto, ele desamarrou as cordas que prendiam o barco. Axel vinha correndo. Ele empurrou o barco para fora do porto e abria as velas. Axel corria cada vez mais rápido. Rhoddy percebeu que se Axel não chegasse perderia o barco. Ele saltou e caiu dentro do barco por sorte.Axel e Rhoddy fizeram posição de soldado e bateram continência ao capitão. "E mais uma vez o grande navio Sirocco conseguiu escapar da Marinha mentirosa" disse Axel e os dois se cumprimentaram " É amigo... Mais uma vez nós não fomos presos por algo que não fizemos". Enquanto os dois brincavam Setz foi para o quarto descansar um pouco antes do jantar.Após Setz se retirar Axel começou a falar baixinho. "Rhoddy, e diga o nome da garota, ‘Na’ o quê?" disse ele muito curioso. "Ele gritava para uma garota chamada" Rhoddy tomou fôlego e falou o nome tão importante, o nome da garota que havia feito com que Setz tivesse se tornado uma pessoa tão amargurada "Natasha".


 

***

    


    Você deve estar se perguntando "Quem é Natasha? O que ela fez a Setz? Por que ele é tão triste? O que aconteceu com ela?". Se você está querendo saber sobre essas perguntas, continue lendo e você saberá."O que será que aconteceu com ela?" perguntou Axel. "Não faço a mínima ideia, mas eu acho que foi algo ruim". "Será que ela apenas não terminou com ele. Mas ele ficou muito triste".Rhoddy parou, e pensou durante um tempo. "O que aconteceu no bar que deixou ele tão irritado para puxar sua roupa?". "Eu falei que existia muitas garotas, e que essa Natasha não tinha importância" disse ele fazendo uma expressão de deboche "Daí ele puxou a minha gola e falou se haveria problema se acontecesse algo comigo" falou ele com muita indignação. Como se ele não tivesse dado razão."Aconteceu algo com ela" disse, especulando o que teria acontecido com Natasha "Será que ela morreu? Ou teve de se casar com alguma pessoa?". "Olha, eu acho que ela deve ser muito bonita, por que para ele ficar triste desse jeito. O que você acha da aparência dela?" disse Axel, como sempre pensando na beleza de garotas. Rhoddy olhou para ele como se dissesse "Você só pensa nisso?".


    Durante um tempo, os dois ficaram conversando. Conversando sobre o que acontecera com Natasha. Conversando sobre para onde ir. Conversando. Apenas conversando. Enquanto eles decidiam qual cidade iriam no dia seguinte, Setz apareceu subindo a escada que dava no convés. "Olha, eu estou com fome. Podemos jantar?" logo os dois pararam de conversar, olharam para Setz, e concordaram apenas com a cabeça.Desceram a pequena escada que dava na digamos assim, cozinha. Rhoddy pegou os pães, queijos, frutas e bebidas e colocou na pequena mesa redonda. "Setz, tem frutas, pão, queijo, suco de uva e vinho. Pode pegar o que você quiser". Setz apenas balançou a cabeça concordando.Durante todo o jantar, Rhoddy e Axel se entre olharam, como se estivessem um mandando ao outro perguntar sobre Natasha a Setz. O jantar foi em silêncio total. Ninguém ousou pronunciar nenhuma palavra.Setz foi o primeiro a acabar de comer, ele se levantou e já estava se retirando quando Rhoddy tomou fôlego, e falou "Setz" respirou uma vez, para pegar ar, e também coragem, para fazer esta pergunta que era um pouco inconveniente "Quem é Natasha?".


    Setz olhou assustado, por não saber como eles haviam descoberto sobre ela. "Olha, hoje eu estou cansado, amanhã nós conversamos" enquanto caminhava lentamente, Rhoddy informou. "Amanhã nós iremos a Origliasso". Axel olhou para ele "Eu queria..." e então Rhoddy o interrompeu, com um olhar feroz. "Nós iremos a Origliasso". Quando Axel foi responder, Setz já havia se retirado."Rhoddy! O barco é meu! Eu mando!" disse ele com o tom de voz alterado. "Vai começa? Vai fica jogando na minha cara que o barco é seu? Sem mim você não sabe como chegar em lugar algum. E você sabe muito bem. Eu odeio aquela cidade. Só o nome já me dá nojo" disse ele se gabando, mas era uma verdade, Axel não sabia navegar tão bem quanto ele. Axel parou de falar. Pensou um pouco. E ficou quieto por um instante. Rhoddy bocejou ."Axel eu acho que já está tarde né?". "É verdade" disse Axel com um sorrisinho. "Não vai dormir?". "Vou comer mais um pouco, e depois eu vou". "Eu vou colocar a caminho de Origliasso" disse ele indo em direção ao leme, abrindo um mapa das estrelas e iluminando com uma vela. Ele já estava cansado. Havia copiado esse mapa da biblioteca de San Marco naquele mesmo dia mais cedo. Só que ele esqueceu o mapa em cima da mesa ao lado do leme. "Boa noite". "Boa noite" e logo após Rhoddy se retirar, Axel deu um risinho diabólico, novamente.



 



 


1 - Problemas no Tribunal

Sirocco - A Ilha Vermelha


    Primeiro livro da trilogia Sirocco que traz Axel, Rhoddy e Setz como protagonistas


 


    Capítulo 1 - Problemas no Tribunal


    


    "Parecia que o problema não era o Juiz, mas sim o Capitão, que tentava o incriminar de todo jeito".


    


    O Juiz bateu o martelo três vezes, todos se sentaram. Como de costume, ele estava com uma toga preta, mas não usava aquela peruca branca – que convenhamos, é ridícula. A mesa alta que ele estava sentado era feira de madeira, uma madeira muito escura, mas com um tom brilhante, como se tivesse sido polida com materiais especiais e muito caros. Nas bordas das mesas, haviam entalhes que faziam rodopios e espirais. Eram bonitos, principalmente para pessoas que moravam em casas simples, e trabalhavam muito – ao contrário daquele juiz gordo.


    Um homem também vestido à caráter, levantou-se e começou a falar alto e em bom som. "Setz Volp, acusado de transporte de material ilegal, acusado de mentir para um oficial, acusado de apropriar-se de território da Marinha e acusado de ajudar piratas".


    O julgamento começou, ou digamos, a sessão de perguntas ao nosso amigo Setz. "Senhor Volp, o senhor nega alguma das acusações afirmadas?". Setz sabia que o Capitão tinha feito com que tudo o incriminasse. Mesmo sabendo que o Capitão Alexander Lughar tinha muita "honra" e "reconhecimento", tentou se defender, fazendo uma declaração que parecia impossível de ser feita por um acusado. "Não nego nada descrito". As pessoas que assistiam ao julgamento ficaram pasmas.


    O Juiz Elder Siegfried, o mais famoso no quesito crimes marítimos – se é que isto existe – retrucou. "Você é o primeiro criminoso a assumir seus crimes". Rapidamente Setz retomou a palavra. "Não assumo os crimes, assumo apenas que o que está escrito de fato aconteceu, não exatamente do modo que está descrito". "Como assim?". Disse Capitão com seu tom de voz alterado, como se algo o tivesse irritado.


    "Digamos que tudo aconteceu mas eu não transportei algo ilegal. Eu nem sabia que o que eu estava carregando existia até eu achar". Então o Capitão levantou e gritou. "Juiz Siegfried, ele está blefando de novo". Apontando seu dedo para Setz – como se isso fosse muito educado para o "Grande" Capitão Lughar da Marinha Costeira.


    Setz olhou para o Capitão com uma expressão cínica, e perguntou. "Capitão, me diga o que eu estava transportando que era ilegal?". Rapidamente ele respondeu apontando novamente para Setz, sem educação nenhum. "Você não sabe o que estava levando no barco?". Para fazer um suspense, virou-se às pessoas que viam o julgamento e gritou para que todos levassem um susto. "Estava carregando materiais que explodem!". E terminou fazendo um gesto com as duas mãos para o alto, simulando uma explosão, dando ênfase, para assustar as pessoas, e infelizmente conseguiu. Então as pessoas que assistiam ao julgamento ficaram espantadas e começaram a falar repentinamente, formando um barulho ensurdecedor. "Silêncio". Disse o Juiz batendo com o martelo uma única vez, mas o necessário. "Prossiga". Disse ele fazendo um gesto com a mão.


    Eu ainda não falei sobre a situação incómoda que Setz estava. Na sua cidade havia uma lei que dizia "Criminosos com mais de duas acusações devem ficar amarrados e presos por um fio no teto". Não era uma das situações mais confortáveis, mas poderia ficar pior, e muito. Rapidamente Setz lembrou-se de algo. "Tenho uma pergunta para fazer as pessoas presentes no julgamento". O Capitão, para própria segurança retrucou. "Que eu saiba as perguntas devem ser feitas a você". Disse ele de novo indelicadamente apontando a Setz. "Que eu saiba você é o criminoso, não?". O Juiz rebateu suspeitando de algo... "Estamos querendo que ele se defenda. Então deixemos que ele conte sua versão". E o Capitão cada vez mais, foi ficando irritado, como se algo o ameaçasse.


    "Vocês". Disse ele às pessoas, estas assustadas achando que ele faria alguma ameaça. "Eu nunca tinha ouvido falar dessas tal coisas que explodem, sabe?". As pessoas concordaram ligeiramente com a cabeça, e novamente o Capitão interrompeu levantando-se bruscamente do seu lugar e levantando a mão com o dedo indicador ao alto. "Como você nunca ouviu falar se você estava transportando?! Seu mentiroso! Juiz, este homem está blefando!". O Juiz parou. Olhou para o Capitão. E disse fitando-o com um olhar perspicaz. "Capitão Alexander Lughar, se não te conhecesse, acharia que está impedindo o Senhor Volp de se pronunciar...". Ele percebendo que o Juiz estava desconfiado, acalmou os ânimos e sentou-se respirando lentamente.


    "Prossiga". Setz retomando a palavr. "Materiais que explodem". Fez uma pausa, como se pensasse, porém já sabia exatamente o que falaria, e por três curtos segundos as pessoas esperaram. "Digamos que esses materiais que explodem poderiam ser algumas pedras que ao entrarem em contato com o fogo fazem uma pequena explosão, ou vinho, se jogarmos vinho no fogo a chama aumentará, certo?". E as pessoas sorriram e concordaram com tudo. E o Juiz continuou. "Se fosse assim todos nós já estaríamos presos". Disse o gordo, rindo.


    O Capitão tentando disfarçar, lentamente e calmamente sem se levantar, falou. "Mas as outras acusações? Explique também, você não conspirou com piratas? Como explica apropriação de território da Marinha?". "Se você querem saber tudo, vou contar".


 


***


 


    "Axel, tem um corpo no mar!". Gritou Rhoddy apontando. Axel estava com seus olhos arregalados. "Axel! Vamos ajudar?". "Se eu não tivesse te ajudado você já estaria morto, não?" . Disse ele, terminando com um sorrisinho, que foi retribuído por seu amigo.


    Axel e Rhoddy eram dois mercadores ou exploradores, alguns diziam que eram piratas, mas nunca haviam roubado nada. Porém, se achassem algo sem dono em algum lugar pegavam para eles, mas nunca haviam roubado nada, absolutamente nada.


    Rhoddy olhou para Axel. "Como nós iremos pegá-lo?". "Do modo que sempre pegamos coisas que estão na água". Disse ele enquanto revirava um pequeno saco, cheio de ferramentas. "Eu me amarro nessa corda e pego ele!". Disse ele mostrado uma corda que tinha acabado de ser retirada de seu saco entulhado de coisas . Rhoddy olhou para Axel. "Está bem, mas se você se machucar, não me culpe!". Disse ele dando um soco no braço de brincadeira.


    Ele amarrou a corda no começo do mastro - o único, porque o barco não era lá essas coisas - quando ele tocava o chão. Chamou Rhoddy, que amarrou com um nó digno de um marinheiro na cintura de seu amigo. Axel foi até o canto esquerdo do navio ver o corpo que estava lá, esperando ajuda de algum navio. Mas o corpo estava se afastando, era necessário ir rápido. Andou para trás, até alcançar o lado direito do navio. Correu o mais rápido possível. E saltou em busca do misterioso corpo que flutuava à deriva do oceano.


    Seu corpo chocou-se contra o mar. Fazendo um estalo surdo. Ele havia caído de barriga...


    Lembrou-se de procurar o corpo. Ele nadou habilmente até alcançar o corpo. Pegou o corpo e deu um grito. Uma corda voou em sua direção. Ele amarrou no corpo e deu outro grito. A corda com o corpo foi puxada. Ele começou a nadar em direção do barco. Quando alcançou, subiu pelas estacas de madeira.


    Depois de pegar aquele corpo a água os rapazes foram ver se estava vivo. "Rhoddy, eu não sei dessas coisas. Você poderia ver se ele está vivo?". Rhoddy agachou-se e pegou o punho, verificando a pulsação. "Está vivo!". Disse ele dando um pulo, e seu amigo também festejou. "Ele está vivo, agora temos mais um na tripulação!".


    Então aquele estranho levantou-se rapidamente, assustado, tossindo muita, muita água. "Onde eu estou?". Perguntou ele muito assustado e abatido, enquanto se afastava deles, olhando como se eles fossem uma ameaça. "Eu sou Axel e este é Rhoddy, você está no nosso barco agora. Quem é você?". "Sou Setz. Aonde vamos? Preciso voltar para casa!". Disse ele deitando-se de novo de tão exausto que estava. "Prazer Setz. Ainda não sabemos para onde vamos. Para levar você para casa precisamos saber primeiro onde é a sua casa" disse Rhoddy amigavelmente, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar.Setz só queria comer alguma coisa e tomar água, queria estar em casa, descansar um pouco. Mas a sua volta ele via uma paisagem extraordinária. Acima um céu azul claro lindo, com nuvens que pareciam tocáveis. A linha do horizonte separava o magnifico céu do grande oceano que ao movimento do vento, refletia a luz do sol como se fosse coberto de prata brilhante. Neste momento ele olhou por um segundo a paisagem. Contemplou. Até ficar inconsciente novamente.


    ***


    


    "Senhor Juiz, este homem está mentindo". Gritou o Capitão sem mais se segurar. "Como o senhor sabe que ele está mentindo?". Perguntou o Juiz sem entender. "Porque quando achamos o barco apenas ele estava no barco". Afirmou o Capitão com certeza, olhando para Setz com um olhar malicioso. Como se quisesse trucidá-lo com as próprias mãos de tanta raiva e ódio. Ele parou e pensou no que poderia falar para despistar está acusação de falsidade. Olhou para o Juiz, e ficou pensando, olhou para o Capitão... "Por favor Senhor Volp, diga alguma coisa". Insistiu o Juiz impaciente. Rapidamente os olhos de Setz passou pela sala inteira, tentando ter alguma ideia. Percebeu que alguém estava saindo do julgamento e pensou.


    "Axel e Rhoddy não foram encontrados no barco porque eles fugiram quando viram que a Marinha estava nos perseguindo". Mas logo percebeu que o Capitão falaria. "Mas por que você não fugiu?". Ele ficaria sem resposta."Senhor Volp, estamos esperando, por favor se explique" insistiu o Juiz, sem paciência de esperar esta tal explicação. "Vamos Setz, se explique" disse o Capitão sarcasticamente, sabendo que não havia explicação. "Outra coisa, porque a sua história começa quando eles te acham no barco? Porque eles te acharam flutuando? O que aconteceu antes?". Disse o Capitão querendo arrancar algo dele. Logo na hora, Setz ficou espantado, se tivesse que explicar tudo, sua situação não ficaria muito boa. "Capitão, eu acho que não seria e não será necessário que o Senhor Volp conte sua vida inteira". Disse o Juiz, fazendo com que Setz ficasse mais tranquilo. Uma saída surgiu na cabeça de Setz. Uma saída simples, mas que deu certo ."Vocês disseram que queriam ouvir a minha versão da história não? Então deixe-me contar tudo e vocês entenderão". Parecia que o problema não era o Juiz, mas sim o Capitão, que tentava o incriminar de todo jeito.





 



 


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