3 - Frumusete

Capítulo 3 - Frumusete


 

    "Esta ilha era conhecida como a "Ilha dos Desejos"".

    

    A única palavra que deixaria qualquer garoto pervertido, sem princípios e totalmente superficial louco. Frumusete - pronuncia-se frumussetze. Esta ilha era conhecida como a "Ilha dos Desejos". E adivinha... Axel ficava louco com essa palavra! Era a cidade favorita de Axel. 
    Rhoddy havia traçado uma rota direta para Origliasso - pronuncia-se Oriliasso. Mas durante a noite Axel mudou o rumo. Ele toda semana tinha de visitar aquela cidade horrenda. 
    De manhã, como sempre, Rhoddy acordou mais cedo. Antes do sol nascer. Ele tinha esse costume de sempre consultar as estrelas um pouco antes do amanhecer, para ter certeza absoluta de que estavam no caminho certo. Ele saiu do quarto e foi para o pequeno convés. A luz do sul estava curvando o horizonte. Em seu rosto a expressão de uma pessoa cansada, que acabara de ser acordada. Ouviu-se um barulho muito baixo. Era seu estômago. A fome. De manhã ele acordava com muita fome. Colocou um pouco a mão na barriga, como se tentasse acalmar a fome que estava nele. 
    Olhou para o céu. Concentrou-se para se lembrar do mapa das estrelas. Suas constelações principais eram o Cruzeiro do Sul e Órion. Ele sempre ficava de frente para onde o barco estava indo. Depois olhava o céu."Para Origliasso". Lembrou-se das "coordenadas". "Cruzeiro do Sul reto e Órion em diagonal, mas com a 'cabeça' para cima".Em sua mente não podia acreditar. Cruzeiro do Sul invertido e Orion diagonal com cabeça para baixo. "Axel" pensou ele. Mas por ter acabado de acordar. Seus olhos podiam lhe estar enganando. 
    Ele franzia muito os olhos,enquanto tentava identificar o que estava no horizonte. As luzes do sol. Os primeiros raios do sol começaram a surgir. Após um momento Rhoddy percebeu que não havia o grande arco de Origliasso, apenas um Hotel no meio da água.E reconheceu. Seus olhos pararam de se franzir, e seu rosto expressou raiva. Raiva de Axel por mudar o rumo da cidade que haviam combinado. Raiva daquele local nojento chamado Frumusete. Raiva daquelas garotas que viviam ali, fazendo coisas repugnantes.


 


***


    


    O sol começou a bater no rosto de Axel, fazendo-o acordar. Quando percebeu que o sol havia nascido, pulou da cama. Os olhos sonolentos, deram lugar a uma expressão perspicaz. Colocou uma camisa branca de manga longa, mas como tudo que Axel usava, ela tinha um toque que o deixava com estilo. Suas mangas estavam dobradas até o cotovelo, por cima colocou uma espécie de colete. Ele não podia ser aberto, apenas colocado sendo enfiado na cabeça. Era feito de couro com tom amarronzado e uma touca também marrom que fazia com que o cabelo ainda caía um pouco no rosto, fazendo uma pequena franja. Que novamente, tornava-o um garanhão. 
    Ele abriu a porta do quarto. passou pelo pequeno corredor com uma porta em cada lado. As duas portas estavam abertas. Todos já estavam acordados. Foi só subir os cinco degraus que davam no convés. E lá estava alguém o esperando.
    Chegando no convés Rhoddy estava sentado de frente para a pequena escada. Com uma perna flexionada de lado, de apoiando na outra. Em seu rosto, uma expressão de raiva misturada com indignação. "Nossa Axel, você está vendo o Arco da Fortuna? Por acaso está vendo algum monumento de Origliasso?"."Não" disse ele, contando uma mentira muito mal contada. "Você que colocou a rota. A culpa não é minha se você não sabe navegar!" disse o mentiroso, jogando a culpa em Rhoddy. 
    Setz estava na frente do barco, olhando enquanto o barco se aproximava do Hotel Frumusete. Setz não perguntou nada. Quando foram se aproximando, começou-se a ouvir uma música. Não dava pra entender,era muito confuso. Gritos se mesclavam a música.O barco continuou se aproximando. A clássica música... O CAN CAN! Setz virou-se para Rhoddy, expressando indagação. "Agradeça a Axel por estarmos aqui no Hotel Frumusete! Agora nós devíamos estar em Origliasso, não num Hotel cheio de gente depravada". Setz olhou para Axel. Não expressava raiva. Mesmo conhecendo-os há pouquíssimo tempo, sabia que se Rhoddy era contra, e Axel era gostava... Coisa boa não era. 


    O barco se aproximava do pequeno cais.Haviam três navios muito maiores que o Sirocco. Todos eram navios de piratas. Como eles sabiam?. Navio sujo. Sujeira era uma das principais características dos piratas, para quê limpeza se eles podiam ser mortos a qualquer instante.Outro sinal, era a clássica bandeira pirata. Caveira e fundo preto. 
    Rhoddy estava sentado, muito sério. Axel se levantou para amarrar o barco numa madeira. Achou que ele iria se levantar para sair do barco, mas não. Ele ficou sentando olhando seriamente para Axel. Setz achou que era mais confiável ficar ali sentado junto com Rhoddy. "Se vocês vão ficar aqui fazendo biquinho, que fiquem. Eu vou me divertir!". Disse ele enquanto pulava do barco para o pequeno cais de madeira, que ficava um pouco abaixo do chão do convés do barco. 


 


***


 


    Foi caminhando lentamente pela pequena ponte improvisada que ligava os barcos com a porta do Hotel. Foi caminhando lentamente. Até chegar a duas portas imensas. Tomou fôlego. Abriu uma das portas. No térreo não havia nada de especial, apenas um homem gordo sentado em uma escrivaninha com muitas gavetas. Atrás do homem uma enorme e magnífica escadaria. No começo da escadaria, um homem enorme,ele aparentava ser o guarda-costa do homem gordo. A linda escadaria de madeira esculpida, se abria, formando dois caminhos, cada um em uma direção.
    "Olá Sr. Resner. O que o senhor deseja?". Disse o gordo anfitrião, levantando-se da escrivaninha. "Eu tenho um amigo no meu barco". Ele se aproximou do homem e falou. "E você sabe...". E não continuou a frase, mas o homem entendeu tudo. Ele fez um sinal para um guarda-costa que estava atrás de si. O homem se curvou colocando o ouvido perto do chefe, como se quisesse ouvir algo. O homem soprou algo em seus ouvidos. Ele ergueu-se e afirmou apenas com a cabeça. E subiu a escadaria. A passo a passo cada degrau fazia um barulho. Parecia um piano. Cada degrau possuía seu próprio som. Os rangeres significavam que aquele bruta montes não poderia ficar muito tempo naqueles degraus. Eles poderiam ceder facilmente com o excesso de peso.


    O grandioso guarda-costas virou à esquerda. Abriu porta, e a música se espalhou por todo o local. A música fazia eco na imensidão que era o térreo. Ele entrou. Demorou no máximo um minuto. Quando saiu, quatro garotas usando roupas da clássica dança do can can apareceram e seguiram o homem descendo as escadas.Novamente os degraus rangeram. Desta vez com mais frequência. Desta vez havia mais peso. O guarda e as garotas faziam com que a escada balançasse levemente, mas balançasse. Eles passaram por Axel e pelo homem que estava na escrivaninha. O grande guarda-costas abriu as portas para as quatro mulheres passarem. Depois de passarem, o grande guarda-costas não saiu. Fechou a grande porta.


 


***    


 


   Depois de Axel sair do barco e ir para o Hotel, Rhoddy começou a falar com Setz. "O que aconteceu com Natasha?". Indagou ele, sem mais distrações. "Ela morreu num acidente com uma carruagem". "Nossa". Disse Rhoddy espantado. "Olha, eu também tenho coisas tristes que me ocorreram". Disse ele enquanto revirava sua maleta à procura de algo. "Eu sou órfão". Disse ele enquanto mostrava uma foto. "Meus pais e meus dois irmãos morreram enquanto viajávamos em um navio. E daí Axel me encontrou". Setz pegou a foto na mão e viu. A mãe, o pai, uma garota um pouco mais nova que Rhoddy e outro menino mais novo que ela. "Sabe, eu também sou órfão. Nós estávamos endividados, e a pessoa que nós devíamos, chamou os guardas, que nos prenderam. O comerciante, não satisfeito por ter pego nossa casa e coisas, ainda fez com que nos vendessem, e o lucro ficou com ele. Daí nós fomos comprados por piratas, que nos revenderíam a outros. Mas no meio da viagem, a Marinha nos achou, mas para eles não serem incriminado, fomos jogados na água. Vocês me encontraram, mas meus pais, eu não faço a mínima ideia de onde estejam..."


    Rhoddy parou um pouco e ficou olhando para o sapato. "Talvez você encontre eles um dia". Disse ele tentando dar dar esperança. "Talvez. Mas sabe o que é mais triste? Esse comerciante era o pai da Natasha. Ele nunca quis que eu ficasse com ela, mesmo sabendo que a gente queria ficar junto. Achei estranho quando ela morreu. Ele disse que eu não podia ir no enterro. Mas a mulher dele, e a família, não ficaram tão tristes quanto pais com uma filha morta deveriam ficar".


    Antes de qualquer reação de Rhoddy. O leve barulho da música do can can tornou-se mais alto. Os dois ao mesmo tempo olharam. A porta havia se aberto, e quatro garotas saíram. Rhoddy franziu o rosto. Sabia exatamente o que estava acontecendo. Ele olhou para Setz, e começou a falar rapidamente. "Elas te levaram pra dentro. Não beba nada que te derem. Não entre nas portas vermelhas. E nunca, nunca toque em nenhuma garota, principalmente a Safira". Setz não entendeu nada, mas decorou o que lhe foi dito, poderia ser bem útil. "Axel já tentou fazer isso comigo. Não deu certo, e o homem acabou se desculpando, e não cobrou nada. Então não entre em quartos! E nunca entre em quarto vermelhos! Morra! Mas quarto vermelhos jamais!"-estranhamente incomum Rhoddy utilizar a palavra jamais, que pronuncia-se jamé, é uma expressão de sua cidade que significa um jamais com ênfase, muita ênfase.


    As garotas estavam chegando cada vez mais perto. Seu gingado com o quadril e sua roupas insinuantes, eram o segredo da sedução. Elas estavam mais perto. Mais perto. Mais. E pegaram o braço de Setz, quando ainda estava sentado no convés e puxaram para ele vir. Ele quase caiu no vão entre o barco e o porto de madeira. Mas elas o puxavam cada vez mais forte. Setz cedeu, não iria lutar com garotas. Isso não é coisa que se faça. Foi sendo puxado, até chegar nas  portas, onde foi colocado pra dentro.


    


***


 


    Não irei descrever exatamente o que acontecia na atrás da porta do lado esquerda. Não quero, e não posso. As coisas eram deturpadas e pervertidas. O que você quisesse, você teria, pelo preço certo...


    Setz foi sendo puxado pelas quatro garotas até chegar em um imenso salão com muito homens e garotas dançando. Ao redor da pista de dança haviam pequenas tendas feitas de uma seda vermelha, onde muitas coisas eram feitas...


    Ele continuou sendo levado. Passou pela pista de dança, e chegou ao uma tenda, aberta, com um enorme sofá de estofado também avermelhado. Várias garotas com as roupas do can can estavam a sua espera. Ele sentou. Todas elas o tocavam. Algumas tentaram beijá-lo, mas não obtiveram sucesso. Deram-lhe um drinque, ele não aceito, porém não teve escolha, jogaram o drinque em sua boca enquanto ele recusava a bebida.


    Elas se lançavam em cima dele. Setz estava enojado. Elas passavam as mãos nele inteiro, cada mão que o tocava, ele tentava retirá-la delicadamente. Pensamentos maliciosos vieram a sua mente, como se a luxúria estivesse penetrando em toda a sua moralidade. Mas logo o bom senso voltou, e ele se deu conta de onde estava, e do que estava acontecendo. Ele pensou rapidamente em quantos homens aquelas mãos já deviam ter tocado. Um nojo tomou conta dele, ele olhou para aquelas garotas e começou a pensar no  que elas faziam. Ele se levantou e começou a passar a mão na roupa, como se estivesse se limpando da "sujeira" que havia pegado com aquela garotas. Ele se levantou daquele sofá e começou a se afastar. No meio do salão homens e mulheres dançavam.


    Ele começou a olhar em volta procurando uma saída. A música parou... Era um bom sinal! Talvez a festa tivesse acabado, mas infelizmente Setz estava errado, começou uma outra, com uma batida estranha. Uma letra da música tinha um significado não muito profundo. Mas a música era contagiante. As saias e os chapéus de can can foram rapidamente retirados, tornando-se apenas a roupa íntima e um espartilho.


    As garotas fizeram um roda no centro do salão, fazendo gestos para que os homens se aproximassem delas. A música ficava cada vez mais alto. As garotas conseguiam atrair os homens, fazendo com que eles sucumbissem aos seus próprios desejos. Setz virava o rosto para não ver o que estava acontecendo há poucos metros. A música estava ficando ainda mais alta.


    No meio da roda de garotas apareceu uma mais bonita que todas. Ela começou a cantar um solo na música. Ela saiu do meio da roda e começou a fazer gestos para Setz, para que ele se aproximasse, ele se distanciou, andando cada vez mais para trás. A música estava ainda mas alto. Ele olhou em volta procurando uma saída, e cada vez a música ficava mais alto. Ele  começou a ficar tonto com a quantidade de vermelho em volta, e cada vez a música ficava mais alta. Já estava começando a se sentir tonto, e cada vez a música ficava mais alta. Tudo estava girando, a música estava ensurdecendo-o, o salão girava mais e mais.


 


***


 


    Uma voz chamava-o, mas ele não conseguia entender exatamente o que estava ouvindo. Não conseguia ver nada, parecia que o breu havia tomado conta de sua visão. Ele lutava para conseguir abrir os olhos, aos poucos, voltava gradualmente a compreender o que estava ouvindo. A voz continuava a chamá-lo, e ele começou a sentir seu corpo sendo chacoalhado. O breu começou a tomar forma, ainda muito embaçado, mas podia ver uma forma de alguém o balançando. Sua visão voltou totalmente, e pode ver, estava em um quarto com uma garota chacoalhando-o para que acordasse, e ele viu que estava em um quarto.


    Rapidamente ele levantou-se e foi se afastando da garota que estava apenas de roupa íntima, seu cabelo era de um preto brilhante, sua pele era levemente bronzeada e seus olhos azuis como a maispreciosa das safiras. "Afaste-se de mim!". Ele foi em direção a porta e tentou abrí-la, nada, a porta estava trancada. "Por que estou trancado?". "Você tem quatro horas". "Quatro horas pra quê?". "Você sabe pra que...". Disse ela enquanto se aproximava dele sensualmente. "Afaste-se de mim... Eu sei o que você é!". "Olha, você vem a Frumusete e quer que eu me afaste?". "Fui puxado até aqui! Comecei a me sentir tonto, e acordei aqui!". Disse Setz enquanto tentava algum modo de abrir a porta.


        A garota abriu um pequena escrivaninha e pegou vinho e duas taças. "Não adianta tentar abrir... Espere o tempo, você ficou uma hora desacordado, tentei te acordar durante muito tempo". "E se eu gritar?". "Não tem ninguém aí fora, este é um Quarto Vermelho, temos toda a privacidade que quisermos". Ela já colocava vinho nas duas taças. "Eu não quero privacidade". "Melhor esperar tigrão, Bartolomeu cobrará bem caro, espero que tenha o dinheiro". "Bartolomeu?". "É, Bartolomeu, o dono de Frumusete". "Vou pagar pelo que?". "Eu sou cara meu bem, muito cara".


    A raiva estava possuindo Setz. Chutes eram dados na porta para que ela talvez abrisse, mas não foi o que aconteceu. Ele sentiu-se um pouco tonto, e sentou-se na beirada da cama. "Olha, eu não irei pagar nada, eu não fiz nada, e você sabe muito bem disso". "Convença Bartolomeu, ele não quer saber, quatro horas comigo duzentas moedas de ouro, cinquenta por hora, sou a mais cara...". "Nossa! Você ganha tanto dinheiro assim em um dia? Você é uma...". Antes de Setz acabar a frase lágrimas escorreram do rosto da garota.


    Uma sensação de remorso tomou Setz. Não devia ter ofendido tanto aquela garota. Ele levantou-se e sentou-se de frente, enquanto ela estava sentada em uma poltrona. "Não chore, eu não quis dizer isso...". "Eu sei que eu pareço ser isso que você disse, mas não é minha escolha". A maquiagem começava a borrar, fazendo com que ela passasse de dançarina de can can para uma viúva que estava chorando no enterro do marido."Como assim?". "Eu sou uma escrava, fui comprada por Bartolomeu por piratas e me transformei em mais uma de suas "bonecas", eu não tenho escolha, ele ameaça a mim e à todas". "Você foi tirada de sua casa? Onde você morava?". "No deserto, sou Safira, minha família mora em Poternic"."Poternic? Onde é isso? O que é deserto". "Deserto é um mar, só que de areia, como você não sabe o que é um deserto?". "Nunca houvi falar... Mas o que é Poternic?". "é uma cidade esculpida em uma caverna". "Parece interessante, mas você gostaria de voltar para sua casa não?". "Sim...".


    Alguém bateu na porta dando um susto nos dois. "Já acabaram?". Perguntou a misteriosa voz do outro lado da porta. "é Bartolomeu". Susurrou Safira. "Tenho uma idéia". "Vocês ainda não acabaram? Sairá caro, muito caro! Vou abrir a porta". Dzia ele Enquanto tentava abrir com dificuldade a tranca.


    Setz fez um sinal para a cama, Safira entendeu naquele instante o que ele estava querendo dizer.


    Bartolomeu girava a chave com toda a força, mas ela estava emperrada. "Já estou abrindo, é só um problema na tranca...".


    Safira vestiu a roupa de can can novamente e Setz de posicionou na parede do lado que a porta abria. A tranca fazia barulhos estranhos, parecia que estava quase abrindo...Um barulho determinou, a porta estava aberta!


 


***


    


    Bartolomeu abriu a porta. "Olá...". Suas boas-vindas foram interrompidas quando percebeu que não havia ninguém no quarto, apenas Safira deitada na cama apoiando a mão na cabeça.


    Setz estava escondido atrás da porta. Estava esperando Bartolomeu adentrar mais um pouco o quarto.


    "Onde está você? Você não pode ter saído, a porta estava trancada, não brinque comigo!". Bartolomeu dava passos calmos, olhando em volta.


    "Vai!". Pensou Setz, era o momento! Tirou empurrou a porta fazendo-a fechar, Safira levantou-se e rapidamente puxou o gordo para a cama, fazendo-o desequilibrar, e cair como uma bola. "Vamos". Setz e Safira saíram do quarto e trancaram o dono do luxuoso Hotel Frumusete na Gran Suíte Accordes Armonico. A sua frente um corredor com portas vermelhas, e na saida uma porta branca.


    "Agora vamos! Fuja conosco e mós a levaremos para Poternic". "Não adianta, Brutus está na porta! Ele não deixa ninguém sair se não for junto com Bartolomeu, imagina se ele deixará eu, a pedra preciosa de Bartolomeu,conhecida por todos os piratas...". Ela já estava ollhando para o chão e virando lentamente para abrir a Gran Suite Accordes Armonicos.


    "Não! Imagine o que ele fará com você!". Setz pensou um pouco, ainda bem que ele pensa rápido, porque àquela altura, Bartolomeu já havia se levantado e estava batendo na porta e fazendo ameaças a eles.


    "Quem é esse tal de Brutus?"."É o guarda-costa de Bartolomeu, um homem muito alto e forte...". "Ele tem algum ponto fraco?". "Ponto fraco? Você sabe de onde ele é? Ele veio com os Mercadores..."."Estranho, nunca houvi falar... Mas e a chave?"


    Setz fez um sinal de silêncio, apontou para a chave, Safira a pegou. Foram andando calmamente, tentando não fazer muito barulho. Setz parou e virou-se para falar. "Tive uma idéia!". "Qual?". "Digo a Brutus que que Bartolomeu está passando mal, você se esconde atrás da porta, e quando ele for "socorrer" Bartolomeu nós fugimos". "é um bom plano mas... E se Brutus abrir a porta com muita força e me machucar?". "Não se preocupe, eu segurarei a porta para ele passar".


    Safira estava convencida de que voltaria para seu lar, e que esqueceria todo seu temeroso tempo em Frumusete, parecia que a cada passo a expectativa aumentava.


    Setz fez um sinal de OK. Ele se posicionou no lugar onde ficaria escondida. Setz fez outro sinal, iria começar a contagem para abrir a porta.


    Um...


    Dois...


    Três...


    "Brutus! Bartolomeu está passando mal".  Setz usou todo o seu talento teatral para fingir que estava preocupado. Felizmente Brutus só tinha tamanho, porque seu cérebro com certeza não era normal, e ele caiu direitinho.


    Quando Brutus já estava quase chegando na Gran Suite de Accordes Armonicos, safira saiu de trás da porta e começou a caminharam em direção a escadaria principal.


        "Deu certo!". Disse Safira, com seus belos olhos azuis, mais mais brilhantes. Ao pisar no primeiro degrau rangedor, Setz se lembrou de Axel. "Preciso chamar Axel, ele é o dono do barco, não posso partir sem ele!". "Tudo bem... Te espero lá fora!". Setz seguiu para a porta onde tocava a música alta, enquanto Safira descia os degraus rangedores. Quanto mais se aproximava, mais alta a música ficava, os rangeres davam cada vez mais ânimo para Safira. Tomou fôlego e abriu a porta, a música o engoliu, e o último passo de Safira fez com que o coração de Safira acelerasse, parecendo que sairia da boca.


 


***


    


    "Aonde você está indo?". Perguntou uma voz nas costas de Safira que automaticamente se virou. "Kendra?". Uma mulher também com roupa de can can, estava sentada na escrivaninha de Bartolomeu.


    Safira ignorou e já ia sair, quando percebeu que a porta estava trancada. "Nananinanão". Disse Kendra saindo de cima da escrivaninha. "Onde está a chave?". "Está comigo". "Me dê, por favor". "Não". "Por quê?". "Simples, você sempre foi o diamante de Bartolomeu, sempre ficou com os ricos e limpinhos, mas eu, sempre tive que beijar piratas fedidos e banguelas...".


    Safira cerrou os punhos, chamá-la de diamante foi um insulto, ela queria ser chamada da pedra que a denominava, não por qualquer pedra, mesmo que a outra fosse mais cara.


    "...Não adianta, você não sairá daqui!". Nquele momento ouviu-se um estrondo que assustou as duas. O estrondo vinha da porta que dava no corredor de portas vermelhas.


    Aproveitando a distração, Safira golpeou Kendra no rosto. "Me dá a chave se não, vou ter que tirá-la de você a força!". Após terminar a frase Safira empurrou Kendra para cima da escrivaninha e começou a puxar seu cabelo. "Não quero te machucar, mas se você não me der a chave...". A frase foi terminada com Safira levantando seu punho em forma de ameaça.


 


***


 


    Setz entrou no grande salão vermelha com a música alta. Uma olhada superficial não foi o bastante para determinar onde Axel estava, para achá-lo foi necessário que ele subisse em uma das mesas vermelhas de veludo.


    Apoiando com uma mão, deu impulso e subiu na mesa. Olhando, enquando as pessoas dançavam e se beijavam, mas de longe Setz mirou Axel, não acreditou! Axel estava apenas de cueca dançando totalmente bêbado. Setz pulou da mesinha e foi correndo em direção a Axel.


    Passava pela multidão de pessoas, se esquivando enquanto eles dançavam totalmente bêbados. O cheiro de bebidas alcoólicas já estava deixando Setz estonteado. Passo a passo, continuava se esquivando dos bêbados que estavam quase caindo em cima dele.


    Axel já estava a distância para ser puxado. Setz o puxou, enquanto ele dava tropeços, que apenas pessoas muito bêbadas poderiam dar. Ele continuo sendo puxado até chegarem na porta.


    Após saírem do salão, Setz percebeu que Axel estava fedendo muito, tanto a bebida alcoólica quanto a suor, muito suor.


    "Não tente fazer gracinha!". Disse uma voz atrás de Setz, e logo após isso, foi pego pela parte de trás da sua gola. "Você está tentando fugir com minha jóia? Brutus fará você se arrepender rapidinho! E você Senhor Resner, está me devendo quinhentas moedas de ouro!". Parecia que o valor assustadoramente alto fez com que todo o álcool no sangue de Axel se dissipasse, e ele voltasse a realidade naquele mesmo momento.


    "Quinhentas?". Ele olhou com perspicaz para Bartolomeu que estava ao lado de Brutus, e disse. "Nem que eu fosse milionário!". E deu um chute na parte íntima de Brutus. O guarda-costas era enorme e músuculoso, mas te digo uma coisa, todos os homens tem um ponto fraco em comum!


    Após o golpe baixo, Brutus não resistiu e soltou Setz. Os dois começaram a descer correndo a grande escadaria principal, os rangeres não paravam, pareciam uma orquestra sinfônica totalmente desafinada.


    "Voltem aqui seus trapaceiros!". O gordo desceu desajeitadamente a escadaria atrás deles. Safira estava ali segurando Kendra em cima da escrivaninha. "Vamos Safira!". Gritou Setz, fazendo um sinal com a mão. "As portas estão trancadas! A chave estão com Kendra!". Setz passou os olhos rapidamente sobre o salão, e ouviu o som de chaves, elas estavam com Bartolomeu. "As chaves estão com Bartolomeu! Não estão com Kendra!". "Parabéns! Não estão comigo, mas você Safira não sairá daqui!". Ela agarrou o cabelo de Safira, ela tentava tirar a mão de seus cabelos, mas não dava.


    Axel rapidamente correu e arrancou a chave do bolso de Bartolomeu. "Vamos Setz!". Disse ele enquanto abria a tranca das portas, enquanto isso o gordo desajeitado, já estava cansado de ter de descer tão rápido aquela escadaria enorme.


    "Vamos Setz". "Não, Safira tem de ir junto!". "Não sei se você reparou, mas Brutus está se levantando e vindo para cá!". Axel estava certo, Brutus já estava recuperado e estava descendo a escadaria com toda a velocidade.


    "Vamos Setz!". Setz olhou, o guarda-costas gigantesco estava descendo a toda velocidade, e Safira estava brigando com Kendra. "Safira, eu volto para te ajudar!".Os dois saíram do Hotel e rapidamente Axel trancou as portas por fora, só se ouvia os gritos de Safira e os socos e ponta pés de Brutus nas portas do luxuoso Hotel Frumusete.



 


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